O Peso da Tempestuosa: Melancolia e Aço em Elric de Melniboné
Existem leituras que não são apenas passatempos, são travessias por mares de chumbo. Esta semana, enquanto o mundo lá fora se perdia em ruídos fúteis, eu me vi a apenas 10% de concluir o segundo volume da saga de Elric de Melniboné. E, devo dizer, o gosto que fica na boca é de metal e arrependimento — o tempero favorito de Michael Moorcock.
O Anti-Herói que não cospe no chão, mas sangra na alma
Diferente dos brucutus que infestam as tabernas da fantasia genérica, Elric é uma anomalia fascinante. Ele carrega o título de Imperador Albino, mas o que sustenta sua coluna não é a soberba, e sim uma introspecção trágica. Elric é um homem sensível, educado e profundamente mal compreendido por seu próprio povo — uma raça de decadentes que vê na crueldade a única forma de arte.
Para mim, o que torna Elric essencial para qualquer um que pretenda escrever ou entender a Espada e Feitiçaria é o seu pessimismo cético. Ele não é o anti-herói boca suja por conveniência estética; ele é um filósofo forçado a empunhar uma lâmina demoníaca, a Stormbringer, para sobreviver a um destino que ele mesmo despreza. É uma jornada existencialista que nos obriga a encarar o mar de melancolia do qual costumamos fugir.
O Deserto Tupiniquim e a Sombra do Gigante Cimeriano
Minha grande preocupação agora, enquanto o e-book se aproxima do fim, é o silêncio da editora Generale. Teremos o volume 3 em terras brasileiras ou seremos condenados ao exílio literário? É desolador perceber como o gênero ainda caminha a passos lentos por aqui. Ou talvez eu seja apenas um ignorante tateando no escuro — se você, viajante que frequenta estas sendas, conhece tesouros escondidos da Espada e Feitiçaria publicados no Brasil, eu imploro: aponte-me o caminho nos comentários.
Enquanto o terceiro volume não surge no horizonte, meu plano de batalha é claro: retornar à fonte. Assim como volto anualmente às páginas de O Conde de Monte Cristo, farei o mesmo com Conan, o Cimeriano. Para o meu processo de escrita, Howard é o alicerce; o suprassumo do aço. Mas Moorcock... Moorcock é o veneno que refina a alma.
Sigo entre fretados e pausas no trabalho, decidindo qual será o próximo tomo a me consumir. Afinal, para um arquivista do bizarro, o descanso é apenas o intervalo entre duas maldições literárias.

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