23 horas do dia 05 de maio de 2018 — a semana foi muito produtiva e regada ao som de muito Metal
A verdade é que eu não estou muito a fim de escrever hoje. Talvez seja cansaço ou então sono acumulado… Mas não importa. Vou fazer o que tenho que fazer. E ponto.
Se eu precisar revisitar esse texto para corrigir alguma eventual incoerência ou erro de escrita, o farei. Por hora tenho que tentar manter a minha regularidade.
Esta semana foi a semana em que comemoramos o dia do Trabalhador. Agradeço a este feriado, pois usei o tempo livre para adiantar bastante a revisão do volume 2 de Rumores: dei um salto do capítulo 10 para o 13.
Como eu mencionei aí em cima, foi uma semana regada a muito metal. Uma semana enérgica. Uma semana intensa. E a coisa toda andou muito bem.
Mas não é hora de contar vantagem.
Ainda tenho uns bons capítulos pela frente.
Tenho de terminar o 13 e seguir em frente até o de numero 22.
Quando eu completar esta meta (ok, faça a piada sobre a multiplicação por 2, sei que ela é inevitável), aí sim será possível liberar o texto para os leitores beta começaram a sua leitura critica desse monstrinho.
Sobre o trabalho de revisão, acho interessante falar sobre coisas relacionados ao trabalho em si. Por isso vou comentar algo que aconteceu em um dos capítulos que eu revisava essa semana — mais especificamente o capítulo 11:
Quando eu estava começando o capítulo 13, senti um forte impulso de voltar lá atrás e adicionar um pouco de texto e depois um pouco mais de texto, e depois um pouco mais.
Ok, isso é natural em uma revisão: nós temos que tirar texto e adicionar texto para deixar a coisa toda bem calibrada, bem lubrificada e balanceada.
Mas, as vezes nos sentimos impelidos a fazer algo mesmo quando este algo não é necessário.
A isso eu chamo de síndrome de “eu posso escrever um pouco mais”.
Talvez eu houvesse avançado um pouco mais, se não houvesse esbarrado com a famigerada síndrome.
Esta é uma força contra a qual temos que lutar, mas que não é tão fácil de vencer.
Criadores me entenderão!
Mas tudo que faço, haja algum exagero de minha parte ou não, é para atrair e magnetizar o leitor, ao melhor estilo do mestre Alexandre Dumas.
“Em literatura, não admito sistema, não sigo escola, não desfraldo bandeiras: entreter e magnetizar, estas são minhas únicas regras.”
Claro, longe de mim querer comparar a minha capacidade com a desse gigante. Mas à despeito do meu talento, sigo ao máximo a máxima de Dumas.
E é pensando dessa forma que estou sendo minucioso para que este segundo volume permita ao leitor obter uma agradável experiência com a leitura de um livro em que o fantástico e o corriqueiro se confundem de maneira original. Sem os enfadonhos clichês que abarrotam livros de ficção fantástica— e sobre isso cabe uma nota explicativa.
Diga-se de passagem que não tenho nada contra clichês. Quando reclamo dos enfadonhos clichês de livros de fantasia refiro-me a livros em que os clichês são tão mal usados que se tornam evidentes demais.
Esta é uma regra de ouro para qualquer um que quiser escrever — sejam romances, contos, roteiros, e-mails, placas, etc — algo que seja minimamente aceitável: não deixe que os clichês que estiver usando tornem-se aparentes. Para isso, enquanto você mesmo; escritor, estiver identificando esses clichês em seu próprio texto e lembrando de outras obras em que eles aparecem, é porque o seu texto ainda não está bom o bastante.
Neste caso, reescreva. Mude o que for preciso. Destrua o texto para poder reconstruí-lo. Misture ideias que a principio não estejam relacionadas.
Como já dei a entender, eu não gosto de escrever seguindo estruturas rígidas, como métodos de escrita, ou estilos de escrita. Mas usarei como exemplo um “método” de escrita bastante comentado, incentivado e deveras difundido no mundo dos roteiros: falo da Jornada do Herói.
Resumidamente “A Jornada do Herói” é um conjunto de clichês que se repetem em vários tipos de narrativa. E usam esse conjunto de clichês para formar uma estrutura padrão em cima da qual várias histórias diferentes podem ser criadas. É mais ou menos como um alicerce padrão sobre o qual você pode levantar vários tipos de casas e dar a elas diferentes tipos de acabamento.
Eu particularmente não faço uso desse método e não gosto sequer de pensar em escrever usando um método como esses — fazer o quê, é como minha cabeça estranha funciona.
Eu acho que usando algo assim vou fazer algo medíocre, limitado e muito parecido com outros milhares de trabalhos criados usando a mesma metodologia. Além do que, o método permite criar infindáveis tipos de “casas” se bem usado. Mas se você quiser construir um “castelo” ou uma “tenda” ou uma “Xinfonifera”, ele não será muito apropriado — mas isso já é uma outra história.
Mas essa minha sensação É coisa da Minha Cabeça; uma mistura de superstição com meu jeito pessoal de criar coisas. Eu funciono assim e ponto — e embora possa mudar, não quero, porque existem outras formas de se fazer as coisas.
Agora, não posso deixar de dizer que há quem use esse método e crie trabalhos incríveis. E ponto.
E como sei que são incríveis esses trabalhos de que falo; criados com esse método?
Simples: não dá para perceber que eles foram criados com esse método. Os clichês da “Jornada do Herói” foram usados de forma tão brilhante e única que você sequer os reconhece nas obras.
Darei um exemplo aqui: o roteiro de “Avatar — A Lenda de Aang” é construído em cima de “A Jornada do Herói”. E o roteiro de “Avatar” é brilhante.
Para quem não sabe, “Avatar” é um desenho animado de fantasia, em que um universo rico e complexo foi criado do zero pelos seus criadores. Há várias nações neste mundo fictício e cada uma delas possui seus costumes. Os personagens são carismáticos e absurdamente críveis. Suas personalidades são naturais. E o mais interessante é que a luta entre o bem e o mal soa tão natural neste mundo que você demora para perceber que o que está rolando é um velho clichê da luta do bem contra o mal — é sério, não parece mesmo um clichezão. Mas é. E o fato de não parecer um clichezão é ótimo.
Não vou me estender muito mais falando do desenho ou explicando o que quer que seja sobre ele. Nem sobre a “Jornada do Herói”. Não é minha proposta aqui. Só usei esses dois exemplos para explicar sobre o que considero clichês mal usados em ficção fantástica.
Vou dar um exemplo de clichê mal usado nessa área sem citar nenhuma obra. A melhor forma de fazer isso é colocando abaixo um exemplo inventado agora — tipo pastel feito na hora:
Esta é uma história sobre um aldeão que herdou de um tio distante — de quinto grau — uma espada amaldiçoada. Infelizmente para ele não é possível renunciar à herança tão facilmente. Com isso a espada irá transformá-lo pouco a pouco em uma criatura das trevas sem coração. A única forma de quebrar a maldição é usar a arma maldita para destruir um demônio ainda mais poderoso. E eis que o nosso “improvável” herói se lança em uma jornada épica para destruir o lorde das trevas que estava em vias de invadir o seu país para mergulhá-lo em uma era de escuridão.
Assinado: um escritor dando um mal exemplo
Bla bla bla. Viram como é fácil escrever qualquer coisa usando clichês? Mas quando digo qualquer coisa, me refiro a qualquer coisa ruim.
Não quero soar como um chato detentor da grande sabedoria.
Mas não façam isso.
Basta que você tenha isto em mente: clichês devem ser Bem usados. Use-os bem ou Não os Use.
Como diria a pequena criatura verde:
Não faça ou faça. Tentar não há!
Há outra coisa ainda que você deve sempre ter em mente, e talvez eu vá repetir muito isso em meus futuros textos e por isso já peço desculpas pela insistência futura:
Não levem a sério qualquer cagação de regra em assuntos relacionados a criação.
Por tanto, desconsiderem a minha advertência anterior — sobre o uso de clichês. Eu só precisei desabafá-la. Mas ela não é importante. E muito provavelmente você vai aprender tudo o que eu disse acima sozinho, tentando e tentando. E provavelmente demorará muito para que você consiga algo satisfatório. Independentemente de qualquer coisa que alguém pretensamente tente te ensinar sobre isso.
Distúrbios criativos à parte, a semana também foi de uma agradável surpresa com o livro que estou lendo: As Aventuras do Caça-Feitiço: O Aprendiz.
Estou a 21% nesta empreitada — como estou lendo em ebook, não sei precisar em que página me encontro.
Eu sabia que era um bom livro. Mas não sabia que era Muito Bom.
Embora eu ainda esteja no começo, posso dizer que algo marcante chamou minha atenção:
O autor consegue prender o leitor com pequenas coisas; usando medos simples e universais. Ele não apela para coisas absurdamente fantásticas logo de cara. Isso não é necessário.
Outra coisa interessante sobre o texto é que o autor não parece ter pressa em explicar a história. Eu particularmente gosto disso. Prefiro degustar o livro de vagar, sem pressa, saboreando outros aspectos menores e não menos importantes do universo que se descortina aos olhos de nossa mente a cada palavra lida.
Obrigado Joseph Delaney. Você agora também será um dos meus mestres. Irei roubar seus poder… Quero dizer. Irei aprender com você.
Também li um pouco mais de outros dois mestres: Rudyard Kipling e Sahrazad (mais conhecida como Xerazadi — a grafia Sahrazad eu estou copiando do livro traduzido por Mamed aqui para o Brasil). Os livros, no caso, são “Histórias Sobrenaturais de Rudyard Kipling” e “O Livro das Mil e Uma Noites”.
Pensando agora sobre o que aprendi com os dois essa semana, devo dizer que em ambos os casos, como verdadeiros mestres do conto, eles são absurdamente céleres em fazer com que muita coisa aconteça com poucas palavras.
Xerazadi nos leva de um acontecimento insólito para o outro com uma velocidade que sequer somos capazes de acompanhar. Enquanto que Rudyard Kipling é do tipo que vai direto ao ponto: o conto é sobre isso; o que vem antes e o que virá depois não importam. E sem muitos rodeios ele fala o que precisa sobre o acontecimento em questão e finaliza a coisa toda sem maiores floreios.
Claro, em se tratando de contos não poderia ser de outra forma, uma vez que o conto não tem o antes e nem o depois da história. O conto é só o meio da coisa toda.
Mas ainda assim fico impressionado em ver como a coisa se desenrola com estes dois autores.
Devo dizer que Alexandre Dumas também foi aluno de Xerazadi e com ela ele aprendeu a levar essa celeridade para os Romances de Folhetim.
Bom, gostaria de escrever/falar mais. Ainda mais falar sobre as curiosidades que vou aprendendo aos poucos sobre estes autores.
Mas devo ficar por aqui. Já são 01.38 do dia 6 de maio de 2018 e para quem não queria escrever eu até que me estendi demais — deve ser o som do Metal correndo pelas minhas veias e me fazendo acordar quando eu deveria estar dormindo.
Vou ficando por aqui. Terminarei de ouvir algumas faixas. Vou descansar e dormir. E me preparar para mais uma semana de trabalho, trabalho e trabalho.
Desculpe qualquer coisa e até a próxima.