Como os xintoístas celebram o ano novo?

 Um estilo artístico moderno de uma paisagem de Kamakura, com o santuário de Hachiman em destaque, e o nascer do sol refletindo na água.

🌠

Já pensou em celebrar o ano novo como os xintoístas celebram?

O final de ano é um período repleto de celebrações. Espera... Na verdade, o ano todo está repleto de celebrações. Porém, é certo que as celebrações de fim de ano são as mais lembradas e até mesmo as mais aguardadas por várias pessoas, dos mais variados credos e costumes. Por isso eu resolvi pesquisar um pouco e escrever sobre a celebração de ano novo segundo o xintoísmo. Por qual motivo? Vários. Eu gosto muito do "folclore" xintoísta e amo histórias em que suas crenças e tradições são retratadas (tudo bem que nem sempre de forma fiel, mas não importa). E quando falo em histórias em que o xintoísmo está presente, me refiro a todo tipo de formato escrito: seja mangá, animê ou mesmo livro.

Agora, de bate pronto, lembro de pelo menos duas obras que posso citar com toda a certeza. Um dos livros que lembro de ter visto ao menos uma passagem monstrando o ano novo é Musashi; quando Musashi visita o santuário de Hachimam em Kamakura. Lembro também de já ter visto essa celebração em Bakuman (um animê sobre dois garotos que desejam se tornar mangakás). Mas é certo que já outras passagens relacionadas ao ano novo em contos escritos em livros e animês.

Eu considero o xintoísmo uma crença bastante otimista e penso nela como uma das religiões que pertencem ao grupo que podemos chamar de "xamanista" (o xamanismo não é uma religião, e sim uma forma de se referir a várias religiões com elementos parecidos: tema que pretendo abordar aqui no blog em algum momento). Eu gosto muito da visão xamanista e por isso resolvi escrever um pouco sobre como os xintoístas celebram o ano novo. Então, se você gosta de cultura japonesa, animês e sobre cultura pagã, esse post vai te interessar.

Uma pintura tradicional japonesa de um xintoísta fazendo uma oração no santuário de Hachiman em Kamakura, com um ramo de pinheiro e uma corda de palha na entrada, e um sino ao fundo.

O ano novo é uma das festas mais importantes do xintoísmo, a religião nativa do Japão. O xintoísmo é uma crença que venera os kami, as forças espirituais que habitam todas as coisas. Os xintoístas acreditam que o ano novo é uma ocasião para se purificar das impurezas do ano anterior, agradecer aos kami pela sua proteção e bênção, e pedir-lhes boa sorte e prosperidade para o ano que se inicia.

As celebrações do ano novo começam no dia 31 de dezembro, quando os xintoístas visitam os santuários (jinja) para participar do ritual de purificação (harae) e do toque dos sinos (joya no kane). O harae consiste em lavar as mãos e a boca com água, e recitar orações e oferendas aos kami. O joya no kane é uma tradição que consiste em tocar os sinos dos santuários 108 vezes, representando os 108 pecados ou paixões mundanas que devem ser eliminados. Os xintoístas também costumam escrever os seus desejos ou resoluções para o ano novo em pequenos papéis (ema) e pendurá-los nos santuários.

No dia 1 de janeiro, os xintoístas voltam aos santuários para fazer a primeira visita do ano (hatsumode). Nessa ocasião, eles agradecem aos kami pelo ano que passou, e pedem-lhes saúde, felicidade, sucesso e paz para o ano que começa. Eles também recebem as bênçãos dos sacerdotes (kannushi) e compram amuletos (omamori) ou sortes (omikuji) para protegê-los ou orientá-los durante o ano. Os omamori são pequenos objetos que contêm orações ou símbolos sagrados, e os omikuji são tiras de papel que contêm previsões ou conselhos.

Além dos rituais nos santuários, os xintoístas também celebram o ano novo em suas casas e com suas famílias. Eles costumam decorar as suas entradas com ramos de pinheiro (kadomatsu) e cordas trançadas de palha (shimenawa), que simbolizam a purificação e a recepção dos kami. Eles também preparam e comem alimentos especiais, como o mochi (bolinho de arroz), o ozoni (sopa de mochi), o osechi (pratos variados servidos em caixas laqueadas) e o toshikoshi soba (macarrão de trigo sarraceno). Esses alimentos representam a longevidade, a prosperidade, a abundância e a transição do ano velho para o novo.

Outras tradições do ano novo incluem dar dinheiro às crianças (otoshidama), jogar jogos de cartas ou dados, vestir quimonos, assistir ao nascer do sol (hatsuhinode) e enviar cartões de felicitações (nengajo). Essas atividades expressam o desejo de diversão, harmonia, beleza, esperança e amizade no ano novo.

O ano novo é, portanto, uma festa que celebra a renovação da vida e da fé no xintoísmo. É uma oportunidade para os xintoístas se conectarem com os kami, com a natureza, com a sua cultura e com os seus entes queridos. É uma época de alegria, gratidão, reflexão e expectativa.

E para finalizar, eu indico Musashi como leitura para comemorar o ano novo. Caso você não seja muito do tipo que lê e mais do tipo que assiste, existem alguns filmes que retratam a obra Misashi (embora eu não possa opiniar sobre elas, uma vez que eu não assisti a nenhuma). Falando em "assistir", também posso indicar o animê Bakuman. Ambas são obras muito legais, para comemorar e começar o ano novo inspirado para novos projetos e desafios.

Agora vou ficando por aqui. Até a próxima celebração ⛩

Um mangá de um samurai que visita o santuário de Hachiman em Kamakura para participar do torneio de esgrima, e encontra uma garota que lhe oferece um mochi e um omikuji.


Comentários

  1. Eu ja vi e consumi muito sobre esse assunto, mas de forma picada e espalhada em obras de mangá e anime, consegui lembrar de vários momentos, gosti ^^

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Éder S.P.V. Gonçalves
Osasco, SP, Brazil
É um ficcionista trevoso; escreve poema, romance e também conto. Mescla tom sério com humor ao falar sobre fantasia, mistério e terror. Mantém um blog onde posta textos por vezes sombrios e temperados com ácido humor.

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