Jurupari: o demônio dos sonhos

jurupari é um caboclo brasileiro da tribo tupi, ele é cruel e vingativo e ri com sua boca torta e tem um rosto pavoroso, tem poderes divinos do sol, pele escamosa e vários braços e uma aura espiritual que o rodeia como se ele fosse um fantasma espectral

🌠

Jurupari o Demônio dos Sonhos da mitologia brasileira

Todos os que tem algum conhecimento sobre cultura pop já ouviram falar de criaturas terríveis e poderosas que reinam sobre os sonhos das pessoas. Eu poderia citar Sandman, pensando em uma entidade poderosa (e que não é necessariamente nem boa e nem má). Eu também poderia citar Freddy Krueger de “A Hora do Pesadelo”, pensando em um ser maligno e homicida que é capaz de matar suas vítimas em seus próprios pesadelos.

Mas acontece que muito antes da cultura pop lançar mão de histórias em quadrinhos e filmes de terror — e quando digo muito antes, eu me refiro a um período que está a séculos no passado — os povos antigos já tinham suas próprias entidades poderosas e terríveis que aterrorizavam os sonhos das pessoas muito antes da invenção da eletricidade e das modernas tecnologias de impressão e encadernameno.

Eu não sou um especialista na área. Na verdade, eu não passo de um entusiasta que busca inspiração em lendas sombrias dos povos antigos. Por isso vou falar um pouco (até onde meu vago conhecimento permite) sobre o demônio dos sonhos que aterrorizava os povos ancestrais na América do Sul. Isso mesmo, se você achou que visitariasmos a Europa ou a Ásia em busca de um demônio dos sonhos, se enganou. Não precisaremos atravessar nenhum oceano hoje… Por outro lado, a América do Sul é imensa, bem como a quantidade versões sobre esta entidade chamada Jurupari.

As várias faces do Jurupari

A lenda de Jurupari é fascinante e envolve a figura de um deus da escuridão e do mal que visita os índios em seus sonhos. Nessa versão mais conhecida, Jurupari assusta os indígenas com pesadelos e presságios terríveis, impedindo-os de gritar. Essa restrição causava, por vezes, asfixia nas vítimas, gerando um grande temor e mistério em torno dessa entidade.  O povo Mawe inclusive acreditava que o Jurupari era o próprio mau (algo semelhante ao que vemos na lenda de Tau e Kerana, em que Tau é visto como a personificação do próprio mau) e que gerou outros demônios, como os Anhangás e os Mapingarys.

O significado do nome Jurupari é bastante significativo e sugestivo. Ele pode ser traduzido como "aquele que cala", "que tapa a boca" ou até mesmo "aquele que visita nossa rede de descanso". Essas interpretações adicionam um aspecto sinistro à figura de Jurupari, reforçando sua conexão com os pesadelos e o medo que ele provoca.

Curiosamente, os jesuítas tiveram um papel importante na propagação dessa versão da lenda. Alguns até mesmo afirmam que foram eles que a criaram, aproveitando-se do fascínio e da necessidade de explicações dos indígenas em relação aos seus sonhos assustadores. Essa versão da lenda foi prontamente aceita pelos indígenas, que buscavam entender o motivo de seus pesadelos.

No entanto, o folclorista Luís Câmara Cascudo traz uma visão interessante sobre a concepção de Jurupari como uma criatura dos pesadelos. Para ele, essa ideia é um amálgama de lendas europeias e africanas, inventadas pelas amas de leite com o intuito de controlar o comportamento das crianças. Essa perspectiva nos faz refletir sobre a influência de diferentes culturas na formação das lendas indígenas.

Em suma, a lenda de Jurupari é uma narrativa envolvente que mistura elementos de escuridão, medo e mistério. Sua figura como o deus da escuridão e do mal que visita os índios em seus sonhos, assustando-os com pesadelos e impedindo que gritem, desperta curiosidade e fascínio. É uma história que revela a riqueza e complexidade das lendas indígenas e sua conexão com outras tradições culturais.

Mas existem outras versões dessa lenda entre as várias etnias indígenas espalhadas pela América do Sul. Nas regiões amazônicas, por exemplo, há uma visão de que Jurupari é uma espécie de “héroi” civilizador ou um legislador: um homem sábio e com poderes divinos, enviado por Guaraci (o deus do sol) para ensinar a forma correta de viver para os homens. Segundo essa visão, podemos ver em Jurupari uma lenda divisora de águas, pois como legislador, a função de Jurupari era mudar a sociedade através de seus ensinamentos, transformando a sociedade matriarcal de então em uma sociedade patriarcal.

E não para por aí, a quantidade de versões e descrições de Jurupari são muito variadas e há relatos que o mencionam como um caboclo medonho, vingativo e cruel e que estava sempre rindo com a sua boca torta. Também já foi descrito com um bebê invisível, como um espírito e até mesmo como uma cobra com muitos braços.

Meu objetivo com essa pesquisa:

Fiz algumas pesquisas sobre mitologia indigena nos últimos dias. Em especial sobre entidades como a Ticê, o Anhangá ou Angá, o Mapinguary e o Jurupari de quem vou falar hoje. Destaco que a maioria das minhas fontes são artigos da wikipédia, blogs e sites especializados na área. Com isso quero dizer que o meu estudo sobre o assunto não se trata de uma pesquisa acadêmica e infelizmente não inclui (ainda) livros especializados na área. Mas pretendo consultar em breve pelo menos alguns livros que tenho em casa do escritor e folclorista Luís Câmara Cascudo (seus livros podem me ajudar, com toda a certeza) e eu os recomendo a qualquer um que esteja buscando fazer um estudo mais sério sobre o assunto.

Já o meu interesse particular nessa pesquisa é conseguir material para o conto que estou escrevendo… Na verdade, reescrevendo. Estou dando vida nova para o conto A Rua dos Anhangás, que é levemente inspirado na mitologia guarani. Bom, ele continuará sendo levemente inspirado na mitologia dos povos indígenas, porém creio que os elementos presentes serão muito mais ricos nesta nova versão. A trama está se tornando mais densa e a coisa toda está assumindo formas que eu não previa… Do jeito que eu gosto.

Este conto vai se chamar (provavelmente) Vila Santa Morte: Vias Sombrias e ele é uma fantasia sombria e urbana, que mistura elementos míticos das culturas indígenas brasileira com lendas urbanas e uma boa dose de violência e horror. Claro que não poderia faltar um elemento que eu adoro colocar em meus textos: mistério.

Obrigado pela sua atenção e nos vemos na próxima lenda!

👹

jurupari é um caboclo brasileiro da tribo tupi, ele é cruel e vingativo e ri com sua boca torta e tem um rosto pavoroso, tem poderes divinos do sol, pele escamosa de cobra e vários braços e uma aura espiritual que o rodeia como se ele fosse um fantasma espectral, arte sombria e perturbadora


Comentários

Minha foto
Éder S.P.V. Gonçalves
Osasco, SP, Brazil
É um ficcionista trevoso; escreve poema, romance e também conto. Mescla tom sério com humor ao falar sobre fantasia, mistério e terror. Mantém um blog onde posta textos por vezes sombrios e temperados com ácido humor.

Postagens mais visitadas deste blog

O Tigre, de William Blake

Filtrando pelo campo TSK_STATUS

Carmilla: a vampira de Karnstein

Hajime no Ippo e o Espírito de Desafiante

Aranha Gigante em Conan Exiles

Como configurar os níveis de aprovação no app Meu RH da Totvs?

Conan Exiles: Sobreviva, Construa, Domine

A torre da Aranha suprema no Norte Glacial em Conan Exiles

O Evernote premium vale a pena?

O Ataque da Estrela Negra: uma fantasia sombria de mistério e terror

📮 Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

👁‍🗨 MARCADORES

Curiosidades crônicas de escritor crônicas de um autor independente O Conde de Monte Cristo Alexandre Dumas filosofia Leituras Entretenimento Livros Memorandos Poemas a rua dos anhangás histórias de terror Caravana Sombria espada e feitiçaria halloween dicas diário histórias de mistério vampiros Contos Os Demônios de Ergatan histórias de fantasma lobisomens Fantasia Sombria Oitocentos Aromas de Devaneio PODCASTS folclore games histórias de aventura literatura gótica O Leão de Aeris Via Sombria conan exiles escrita kettlebell lua cheia micro contos sociedade Atividade Física Bram Stoker Exercícios de Criatividade arqueologia girevoy sport gyria inteligência artificial séries xbox Conan o Bárbaro Drácula Rudyard Kipling critica social folclore guarani ia liberdade melkor morte prisão sagas séries de tv Capas Desenvolvimento de Jogos Histórias Sobrenaturais de Rudyard Kipling Ilustrações Os Segredos dos Suna Mandís Passeios Psicotrápolas Robert Ervin Howard Space Punkers game designer histórias góticas hq humanidade lendas lendas urbanas mitologia paganismo personagens poema gótico política quadrinhos As Aventuras do Caça-Feitiço Conto Diana Haruki Murakami J.R.R.Tolkien Joseph Delaney O DIÁRIO DE IZZI Romancista como vocação Sandman V de Vingança Wana anhangás animes aranhas arquivo umbra arte bruxas chatgpt criação de histórias cultura gótica cultura pagã era hiboriana facismo fanfic fantasmas gatos pretos godot histórias de horror jogos jurupari mitologia brasileira natal outono paródia protheus sexta-feira 13 superstições totvs vida Café Holístico História Joseph Conrad O Coração das Trevas O Governador das Masmorras O Homem Sem Memória O Mentalista O Ventre de Pedra Terry Pratchett age of war andarilhos animes de esporte anotações bruxaria cadernos capa castlevania ceticismo conto de terror cotia crenças criatividade culto aos mortos demônios dia de todos os santos diabo drama educação engines estações do ano estrela negra evernote fantasia farmer walk feriado festividades ficção fantástica folclore indígena fotografias funcom hajime no ippo horror cósmico inverno krampus krampusnacht leitores listas lobos lua azul mangá masmorras matrix megafauna mitologia indígena netflix notion opinião palácio da memória papai noel podcast ratos reforma sea of thieves sinopse templo zu lai tigre tutoriais utilidades viagem no tempo vila do mirante vingança vlad tepes wicca Áudio-Drama A Arte da Guerra A Cidade dos Sete Planetas A Fênix na Espada A Sede do Viajante A Voz no Broche Age Of Sorcery Anne Rice Arthur C. Clarke As Sombras do Mal Bad and Crazy Barad-dûr Berkely Breve encontro com Dracooh de Beltraam Bushido Canto Mordaz Carmilla: a vampira de Karnstein Carta Para um Sábio Engenheiro Cartas Chuck Hogan Cristianismo Daniel Handler Direitos Iguais Rituais Iguais Discworld Divulgação Doctor Who Eiji Yoshikawa Elizabeth Kostova Elric de Melniboné Entrevista com o Vampiro Full Metal Alchemist Gaston Leroux Genghis Khan Grande A'Tuin Guillermo Del Toro Hoje é Sexta-Feira 13 e a Lua está Cheia Johann Wolfgang von Goethe Joseph Sheridan Le Fanu Joseph Smith Katana Zero Lemony Snicket Lestat de Lioncourt Lord Byron Lord Ruthven Louis de Pointe du Lac Mapinguari Michael Moorcock Michelly Mordor Musashi Na toca dos ratos letrados Nergal Novela O Fabuloso Maurício e seus Roedores Letrados O Historiador O Hobbit O Jirinquixá Fantasma O Lobo O Lobo das Planícies O Mar O Mundo de Sofia O Ogro Montês O Primeiro Rato Letrado O Rei de Amarelo O Senhor dos Anéis O Sexo Invisível O Sonho de Duncan Parrennes O Tigre O Tigre e o Pescador Obras das minhas filhas Olga Soffer Os Incautos Os Livros da Selva Os Ratos Letrados Outono o Gênioso Oz Oz City Pedra do Teletransporte Polo Noel Atan Red John Rei Ladrão & Lâmina Randômica Robert William Chambers Rotbranch Samhain Sarcosuchusimperator Sociedade Blake Stranger From Hell TI Tevildo Thomas Alva Edison Tik Tak Tomas Ward Vampiros na literatura Vida e Morte Wassily Wassilyevich Kandinsky William Blake absinto aho aho aleijadinho algoritmos alienígenas aluguel amazônia amor anagramas animais de estimação aranha marrom aranha suprema arquétipo astronomia atalho atitudes azar balabolka banho frio banho gelado bicicleta bienal do livro blogger boxe bugs caderno de lugar comum calçados militares caminhos escuros carlos ruas carta do chefe Seatle casa nova casas mal assombradas castelos castelos medievais categorias cavaleiro da lua chalupa chonchu chrome cidadania cientista civilização ciência condessa G condomínio configuração consciência conto epistolar coragem cordilheira dos andes crianças criaturas lupinas crimes cultura brasileira cultura otaku cárcere cães dark rider democracia deusa da lua e da caça dia das crianças dia de finados dia do saci dia dos mortos distopias doramas dun ecologia el niño ema encantos esboços escuridão espada espírito de luta espíritos exoplanetas falta de energia elétrica feiticeiras feitiçaria feitiços felicidade felipe ferri ficção ciêntifica fome fonte tipográfica fonógrafo fortuna fundação japão game pass gratidão greve gênero harpia homens humor hábitos saudáveis ia para geração de imagens idealismo igualdade de gênero imaginação imaterialismo indicação de séries inquisição jaci jaterê jogos 2d jogos de plataforma jornada kraken kraken tinto labirintos labirintos 2D lealdade leitor cabuloso lenda guarani leste leviathan licantropia linguagem de programação literatura inglesa livros infanto juvenis loop lua de morango lugares mal assombrados lógica de programação malaquias mandalas matemática mawé mboi-tui meio ambiente melancolia memorização mercado de trabalho meu rh microsoft midjourney mitologia grega mitra moccoletto mochila modelo de linguagem modo escuro molossus monograma monstros montanha morgoth morpheus moto motoqueiro mudança mudanças climáticas mulheres mundos método wim hof músicas natureza neil gaiman noite eterna nomes de gatos pretos nona arte nostalgia o que é vida o sempre sobre a torre objetos amaldiçoados objetos mágicos ogros oração os sete monstros osamu tezuka pena pensamentos perpétuos pesadelos pescador piedade pluto pod cast poderes povo nômade predadores prefácio primavera primeiras impressões prisioneiro problemas profecia pterossauro qualidade de vida quarta parede reclamação reflorestamento religião de zath resenha rio Pinheiros rio Tietê robôs roda do ano romênia sacerdotisas de zath sarcosuchus Imperator saturnália saúde segredos seres fantásticos serpente-papagaio sexo frágil sintetizador de voz smilodon sobrevivencialismo solstício solstício de inverno sonhar sophia perennis sorte suna mandís sustentabilidade série de terror tau e kerana teclado telhado telhas de pvc tempo teoria das cores texto em fala ticê tigre dente de sabre totvs carol transilvânia travessão trevas trickster tumba de gallaman tv título um sábado qualquer universidades varacolaci vendaval vida em condomínio vigília da nevasca vó mais velha windows wombo art ymir yule zath zoonoses águia ódio
Mostrar mais