Natal: origens, curiosidades, lendas sombrias e histórias de fantasmas
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Uma breve história sobre o Natal
O natal é uma das festas mais populares e esperadas do ano, celebrada por milhões de pessoas em todo o mundo. Mas você sabe qual é a origem, a história e os símbolos do natal?
O natal é uma data comemorativa que simboliza o nascimento de Jesus Cristo, o filho de Deus, que veio ao mundo para trazer salvação e paz aos homens. A palavra natal vem do latim natalis, que significa nascimento ou local onde alguém nasceu.
A data de 25 de dezembro foi escolhida pela Igreja Católica no século IV, para substituir a festa pagã do solstício de inverno, que celebrava o nascimento anual do deus sol. Assim, a Igreja pretendia converter os povos pagãos ao cristianismo, aproveitando uma data já consagrada por eles.
No entanto, não há certeza histórica sobre o dia exato do nascimento de Jesus, que pode ter ocorrido em outra época do ano. Alguns estudiosos sugerem que ele tenha nascido na primavera, entre março e abril, de acordo com as referências bíblicas sobre os pastores que cuidavam dos rebanhos ao ar livre.
Quanto às festividades pagãs, antes da igreja católica "roubar" o feriado para si, os romanos antigos celebravam nesse dia o Natalis Solis Invictus, ou o nascimento do Sol Invencível. Essa festa era uma homenagem ao deus Sol, que era considerado o protetor do Império Romano e o símbolo da vitória e da prosperidade.
O Natalis Solis Invictus foi instituído pelo imperador Aureliano em 274, como uma forma de unificar o culto ao Sol com o culto a Mitra, uma divindade persa muito popular entre os soldados romanos. Mitra era o deus da luz, da lealdade e da amizade, e seu aniversário também era celebrado no dia 25 de dezembro.
A festa do Sol Invencível durava vários dias e era marcada por banquetes, trocas de presentes, jogos, música e dança. As pessoas também acendiam velas e fogueiras para iluminar a noite mais longa do ano e saudar o retorno do Sol.
A festa do Sol Invencível era uma das mais importantes e populares do calendário romano, e influenciou outras celebrações pagãs, como a Saturnália, dedicada ao deus Saturno, e o Yule, dos povos germânicos e celtas.
Quando o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, no século 4, a igreja católica decidiu substituir a festa do Sol Invencível pela festa do Natal, para facilitar a conversão dos pagãos e simbolizar que Jesus era a verdadeira luz do mundo. No entanto, muitos costumes e tradições da festa pagã foram incorporados à celebração cristã, como a troca de presentes, a decoração com velas e luzes, e a alegria e a fraternidade.
Por tanto, o natal é uma festa que mistura elementos religiosos e seculares, que foram incorporados ao longo dos séculos. Alguns dos principais símbolos do natal são:
- A árvore de natal: representa a vida, a esperança e a renovação. A origem da árvore de natal é incerta, mas há indícios de que tenha surgido na Alemanha, no século XVI, com os protestantes que decoravam pinheiros com velas, frutas e doces.
- O presépio: representa o cenário do nascimento de Jesus, com a manjedoura, os animais, os pastores, os reis magos e a estrela de Belém. O presépio foi criado por São Francisco de Assis, no século XIII, na Itália, para ilustrar a história do nascimento de Jesus aos fiéis.
- O Papai Noel: representa a generosidade, a bondade e a alegria. O Papai Noel é inspirado na figura de São Nicolau, um bispo que viveu no século IV, na Turquia, e que tinha o costume de distribuir presentes aos pobres na véspera do natal. A imagem do Papai Noel como um velhinho de barba branca, roupa vermelha e saco de presentes foi popularizada pela Coca-Cola, no século XX, nos Estados Unidos. São Nicolau também é citado em histórias que falam sobre sua espada lendária, conforme é possível ler mais nesse post sobre a espada de São Nicolau.
- A ceia de natal: representa a comunhão, a gratidão e o amor. A ceia de natal é uma tradição que vem da cultura judaica, que celebrava a Páscoa com uma refeição especial. Os cristãos adaptaram essa prática para o natal, incluindo pratos típicos de cada região. No Brasil, alguns dos alimentos mais consumidos na ceia de natal são o peru, o chester, o panetone, as frutas secas e as rabanadas.
Um Natal Brasil
Podem me acusar de gostar de piadas com trocadilhos e que usam a linguagem para obter duplos ou até triplos sentidos, pois é verdade que eu gosto disso; usar as palavras para passar mais mensagens do que parece que estou passando. O título acima é um exemplo. Brasil, meu país natal (desculpe, não resiste a mais esse trocadilho) possui um nome que deriva do nome de uma árvore: o pau brasi. O nome dessa árvore está relacionado com a cor de sua madeira: vermelha como brasa. Pois é, o Brasil é um país de árvores, inclusive essa árvore icônica cuja madeira é vermelha como brasa. Isso é bastante apropriado, pois, assim como o papai noel usa um uniforme vermelho no meio de uma paisagem branca como neve (como deve ser sua casa no polo norte), o natal no Brasil ocorre em meio ao verão, isto é, a estação do ano mais quente; às vezes e, em certos lugares, tão quente quanto brasa, mesmo com toda água e com todas as árvores que ainda temos por aqui.
Geralmente vemos o natal pelas telinhas (das tvs, smartphones e seja lá qual for o eletroeletrônico da vez) retratando esse feriado nos países do hemisfério norte ou seja, onde o natal acontece no inverno. Mas por aqui no Brasil (e todo o hemisfério sul) o natal é celebrado no comecinho do verão. Sim, o natal por aqui no Brasil é mais quente e os costumes são um pouco diferentes neste país imenso.
O natal no Brasil é uma festa que mistura elementos religiosos e culturais, refletindo a diversidade e a criatividade do povo brasileiro. Celebrado no dia 25 de dezembro, o natal é uma data que simboliza o nascimento de Jesus Cristo, o filho de Deus, que veio ao mundo para trazer salvação e paz aos homens. Mas o natal brasileiro também tem outras influências, como as tradições indígenas, africanas e europeias, que se manifestam na música, na comida, na decoração e nos costumes.
Uma das características do natal no Brasil é que ele acontece no verão, o que contrasta com a imagem do natal de inverno, com neve e frio, que é mais comum em outros países. Por isso, muitos brasileiros aproveitam o natal para ir à praia, fazer churrasco, tomar sorvete e se refrescar. Outros preferem ficar em casa, com a família e os amigos, e curtir o clima natalino.
A decoração do natal no Brasil é variada e colorida, e inclui árvores de natal, guirlandas, luzes, velas, bolas, laços e presépios. A árvore de natal é um símbolo que representa a vida, a esperança e a renovação, e pode ser natural ou artificial, grande ou pequena, verde ou branca. O presépio é uma representação do cenário do nascimento de Jesus, com a manjedoura, os animais, os pastores, os reis magos e a estrela de Belém. Muitas pessoas montam o presépio em suas casas, igrejas ou praças, e alguns são verdadeiras obras de arte.
O Papai Noel é outra figura que não pode faltar no natal brasileiro. Inspirado na figura de São Nicolau, um bispo que viveu no século IV, na Turquia, e que tinha o costume de distribuir presentes aos pobres na véspera do natal, o Papai Noel é o responsável pela entrega dos presentes de natal para as crianças que se comportaram bem durante o ano. No Brasil, o Papai Noel é representado como um velhinho de barba branca, roupa vermelha e saco de presentes, que chega de trenó, de helicóptero, de barco ou de qualquer outro meio de transporte. Muitas crianças escrevem cartinhas para o Papai Noel, pedindo os seus presentes e agradecendo pelo ano que passou.
A música também é uma parte importante do natal brasileiro, e existem muitas canções que celebram o nascimento de Jesus, a alegria, a paz e o amor. Algumas das músicas mais conhecidas são Noite Feliz, Bate o Sino, Então é Natal, Natal das Crianças, Boas Festas e Natal Todo Dia. Essas músicas são cantadas nas escolas, nas igrejas, nas ruas e nas casas, e muitas vezes são acompanhadas de instrumentos musicais, como violão, flauta, pandeiro e tamborim.
A comida é outro aspecto que diferencia o natal brasileiro, pois cada região tem os seus pratos típicos e as suas receitas especiais. A ceia de natal é uma tradição que vem da cultura judaica, que celebrava a Páscoa com uma refeição especial. Os cristãos adaptaram essa prática para o natal, incluindo pratos que representam a fartura, a gratidão e o compartilhamento. No Brasil, alguns dos alimentos mais consumidos na ceia de natal são o peru, o chester, o tender, o pernil, o bacalhau, o arroz, a farofa, o salpicão, a maionese, as frutas secas, o panetone, as rabanadas, os bolos, os doces e os chocolates.
O natal no Brasil é uma festa que expressa a fé, a cultura e a identidade do povo brasileiro, que sabe celebrar a vida com alegria, criatividade e solidariedade. É um momento de reunir a família, os amigos, trocar presentes, mensagens e abraços, e de renovar as esperanças para o ano novo que se aproxima.
Sombras Natalinas
Bom, é verdade que o natal é uma época de alegria, paz e amor, mas também de mistério, medo e terror. Por trás das luzes, dos presentes e do Papai Noel, existem histórias e personagens que revelam o lado sombrio dessa data e é claro que eu não poderia deixar de falar nelas. Conheça agora algumas das lendas mais macabras que envolvem o natal:
- Krampus: o anti-Papai Noel. Enquanto o bom velhinho recompensa as crianças que se comportaram bem, o Krampus, uma criatura metade bode, metade demônio, pune as que foram más. Segundo o folclore austríaco, na noite de 5 de dezembro, o Krampus sai à procura dos pequenos travessos, que podem ser espancados, raptados ou até devorados por ele. Você pode ler mais sobre essa lenda no meu artigo sobre o Krampus: quando o natal vira pesadelo.
- O elfo na estante: o espião do Papai Noel. Essa é uma tradição moderna, que surgiu nos Estados Unidos em 2005, com um livro infantil. A ideia é que os pais coloquem um boneco de elfo em algum lugar da casa, que muda de posição a cada noite, para observar o comportamento das crianças e relatar ao Papai Noel. Mas, além de ser uma forma de manipulação e vigilância, o elfo na estante também pode ser visto como uma figura assustadora, que invade a privacidade e a intimidade das famílias.
- Espíritos rondam o mundo dos vivos no natal. Essa é uma crença antiga, que remonta aos tempos pagãos, quando se acreditava que o solstício de inverno, que coincide com o período do natal, era uma época em que o véu entre o mundo dos vivos e dos mortos se tornava mais fino, permitindo que os espíritos vagassem pela terra. Essa ideia inspirou o famoso conto "Um Conto de Natal", de Charles Dickens, em que o protagonista Ebenezer Scrooge é visitado pelos fantasmas do passado, do presente e do futuro na noite de natal.
- Lobisomens. Outra lenda que tem origem no solstício de inverno é a dos lobisomens (sobre os quais você pode ler mais nesse site), seres que se transformam em lobos durante a noite. Na Europa medieval, havia o mito de que quem nascia no dia 25 de dezembro era amaldiçoado e se tornava um lobisomem. Essa crença era uma forma de desvalorizar o natal, que era visto como uma festa pagã e profana, em contraste com a Páscoa, que era considerada a verdadeira celebração cristã.
- Jólakötturinn: o gato gigante devorador de crianças. Na Islândia, existe uma lenda sobre um gato monstruoso que percorre as montanhas durante o natal, à procura de pessoas que não receberam roupas novas como presente. Segundo a crença, quem não ganha uma peça de vestuário fica vulnerável ao ataque do felino, que pode devorá-lo sem piedade. O Jólakötturinn é associado à família de gigantes que vive nas terras geladas, e que também possui um ogro chamado Grýla, que sequestra e cozinha as crianças desobedientes.
- Nisse: o gnomo invisível. Na Escandinávia, há uma lenda sobre um pequeno ser mágico que habita as fazendas e protege os animais e as plantações. Ele é chamado de Nisse, e tem a aparência de um velho de barba branca e chapéu pontudo. Apesar de ser bondoso, o Nisse também é muito vingativo, e pode causar grandes estragos se não for bem tratado. Por isso, é costume deixar uma tigela de mingau para ele na noite de natal, como forma de agradecimento e respeito.
- Yule Lads: os 13 trolls travessos. Outra tradição islandesa é a dos Yule Lads, que são 13 irmãos trolls que visitam as casas das crianças nos 13 dias que antecedem o natal. Cada um deles tem um nome e uma personalidade que reflete o tipo de travessura que eles fazem, como roubar leite, lamber panelas, espiar pelas janelas, etc. As crianças devem deixar um sapato na janela para receber um presente ou uma batata podre, dependendo do seu comportamento durante o ano.
- Belsnickel: o homem sujo e maltrapilho. Na Alemanha e em algumas regiões dos Estados Unidos, há uma figura folclórica chamada Belsnickel, que é um homem vestido com roupas velhas e sujas, que carrega um chicote e um saco de doces. Ele aparece nas casas algumas semanas antes do natal, e testa as crianças com perguntas e charadas. Se elas acertam, ele joga doces no chão; se erram, ele as chicoteia. O Belsnickel é uma espécie de antecessor do Papai Noel, e tem origem nos antigos rituais pagãos de inverno.
Os interessados nessas lendas sombrias do natal podem obter mais informações nos sites abaixo relacionados:
- 10 tradições e histórias muito macabras do Natal - DarkBlog - DarkSide Books
- 10 Lendas de Natal para se Encantar - ou Assustar! - Brazil Greece
Histórias de fantasmas no natal: uma tradição antiga e fascinante
Por falar em lendas sombrias no natal, você já imaginou passar a noite de natal ouvindo histórias assustadoras de fantasmas? Pode parecer estranho para nós, brasileiros, que celebramos o natal em pleno verão, mas essa é uma tradição antiga e muito popular em países onde o inverno é mais rigoroso e as noites são mais longas. Tenho lido, inclusive, alguns contos que Rudyard Kipling escreveu especialmente para publicar no natal, por conta dessa tradição. Você pode ler sobre isso no artigo sobre "O Sonho de Duncan Parrenes" ou mesmo abrir em outra aba uma lista de artigos sobre as histórias sobrenaturais de Rudyard Kipling.
A origem dessa tradição remonta aos tempos pagãos (como vimos no início desse post sobre as verdadeiras origens desse feriado), quando o solstício de inverno era considerado um momento mágico, em que os mortos podiam se comunicar com os vivos. Os povos antigos acreditavam que os espíritos dos ancestrais voltavam para visitar suas famílias e protegê-las dos maus espíritos. Por isso, eles acendiam fogueiras, velas e lanternas para iluminar a escuridão e contar histórias sobre seus entes queridos.
Com o advento do cristianismo, o solstício de inverno foi substituído pelo natal, mas a tradição de contar histórias de fantasmas permaneceu. Na Inglaterra, por exemplo, essa era uma das atividades favoritas das famílias na véspera de natal, especialmente na era vitoriana, quando a literatura gótica estava em alta e o interesse pelo ocultismo era crescente.
Um dos escritores mais famosos que contribuiu para popularizar os contos de fantasma natalinos foi Charles Dickens, autor de "Um Conto de Natal", uma das histórias mais adaptadas e publicadas do mundo (tem até um episódio do Dotcor Who adaptando esse conto). Nessa obra (que eu indico), o protagonista Ebenezer Scrooge é visitado por três fantasmas na noite de natal, que o levam a uma jornada de redenção e compaixão.
Outros autores que também escreveram histórias de fantasmas no natal foram Henry James, Robert Louis Stevenson, Oscar Wilde, M.R. James, entre outros. Eles exploravam temas como o arrependimento, a culpa, a vingança, o mistério e o horror, criando atmosferas sombrias e envolventes.
Hoje em dia, as histórias de fantasmas no natal ainda fazem sucesso, seja nos livros, nos filmes, nas séries ou nos podcasts. Elas são uma forma de resgatar uma tradição antiga e fascinante, que nos convida a refletir sobre o passado, o presente e o futuro, e a celebrar a vida e a morte.
Conclusão
O natal é uma festa que comemora o nascimento de Jesus, mas também é uma época de estar com a família, os amigos, dar e receber presentes, mensagens e abraços. O natal tem origem em outras culturas que celebravam o solstício de inverno, e a igreja católica adotou essa data (se apropriou dela) para o seu calendário. Mas, independentemente da sua origem, o natal é uma oportunidade de pensar sobre valores importantes, como a tolerância religiosa (da qual sou um adepto), o perdão, a solidariedade e a paz. Que o espírito natalino e os fantasmas do natal (especialmente os que jogam verdades em nossa cara) estejam presente em todos os dias do ano, e que o amor de Deus e de todas as divindades de outras religiões possam iluminar a vida de todos. Feliz Natal e feliz solstício de verão e inverno (dependendo do hemisfério onde você esteja)! E, se você não celebra nenhuma dessas datas, feliz 25 de dezembro.
Até a próxima lenda 👻🎅🎄🎃
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