Saudações, seres que amam as trevas e as névoas de um cenário de fantasia gótica, cheia de mistérios.
Essa é mais uma página do meu Caos Diário, onde mostro um pouco dos bastidores do meu processo criativo. Dessa vez, estou seguindo um "mapa" para não me perder pelos caminhos pedregosos que sobem uma enorme cadeia montanhosa, atento para não despencar por vertiginosos desfiladeiros ou não me embrenhar demais em seus profundos bosques de altitude, habitados por feras e outras criaturas sinistras...
Quem vier a ler "Os Dois Suna Mandís e o Fantasma da Mortalha de Fogo" (disponível no Wattpad) irá se deparar em algum momento com o nome Monterugido. É um nome que aparece ali de forma discreta, mas que dá pistas do que esperar após o final do livro. Esse é o nome de uma região montanhosa na costa Leste do Império de Hudan, ao norte da Costa do Tridente. Bem, é nesse cenário que eu tenho trabalhado ultimamente, e isso me levou a enfrentar um dos maiores desafios de qualquer escritor de fantasia: a criação de mapas.
Na verdade, eu já estava sendinto a falta de atualizar meus velhos mapas para este universo.
Os primeiros mapas que fiz para alguns dos cenários desse mundo, datam de quando eu tinha em torno de 15 anos. Fiz algumas atualizações há cerca de 12 anos e, desde então, não toquei mais nesse material, pois me deparei com algumas dificuldades técnicas: por exemplo, como se amplia um mapa, obedecendo o contorno litorâneo? Isso é algo que dá certo trabalho e pensei várias vezes em usar alguma ferramenta digital para me ajudar com isso. Ao mesmo tempo, porém, gosto de fazer essas coisas com papel e caneta, mas, com a vida atribulada de um adulto normal que precisa trabalhar para pagar as contas, eu acabei negligenciando meus mapas por tempo demais.
Mas, chega um momento na criação de tramas ambientadas em um mundo de fantasia, que os mapas fazem falta e sem eles corremos o risco de escrever coisas um tanto quanto incoerentes e descabidas (como personagens cruzando continentes em poucos dias de caminhada).
Para evitar isso, me vi obrigado a encarar esse desafio e começar a "remapear" os cenários desse mundo, ao mesmo tempo em que trabalho em nos próximos roteiros.
A Bússola Invisível: Uma Visão Sombria para um Novo Roteiro
O cenário de Monterugido não é apenas uma cadeia de montanhas. É um lugar de extremos: de um lado, há a vida nas vastas pradarias, com suas tribos bárbaras nômades e o poderoso clã de Bosquealto que se estabeleceu em seu pequeno outeiro. Do outro, há os perigos que espreitam nos vales e nos planaltos, onde os vulcões adormecidos e as fontes termais abrigam raças antigas.
Para o meu próximo roteiro, o projeto MONTERUGIDO, pretendo mergulhar ainda mais fundo nessas sombras. A história que estou planejando será mais madura e visceral, explorando o núcleo dos conflitos que moldam este mundo. Ela irá apresentar o misterioso Gorgo, os próximos passos de Edín e Diôn, e alguns eventos que ocorreram cronologicamente um pouco antes da aventura no vilarejo de Bruma. É um roteiro que aborda temas como a violência, a traição e a linha tênue entre a civilização e a selvageria, e o mapa é meu guia para garantir que cada passo dessa jornada seja coerente e impactante.
Para mim, a criação de um mundo não se resume apenas a personagens e enredos. Às vezes, o primeiro grande desafio é dar forma ao universo em que a história acontece. Como escritor, me vi nesse exato dilema ao iniciar o projeto MONTERUGIDO, que explorará os segredos por trás do misterioso Gorgo (o misterioso pária do povo das mandalas errantes que Edín e Diôn estão procurando).
A ideia original era usar uma ferramenta digital para criar o mapa da cordilheira, mas ela falhou, pois as ferramentas boas tem custos (que não estou disposto a pagar) ou dão mais trabalho que papel e caneta. Tentei usar a Inteligência Artificial para criar mapas baseados nas descrições que tenho dos cenários, mas esses mapas deixam a desejar (e muito, principalmente no que tange a precisão sobre onde posicionar os elementos no mapa). No final, percebi que a melhor forma de dar vida a Monterugido era com o meu próprio traço. E isso me fez refletir sobre a importância dos mapas na construção de um roteiro.
Os esboços abaixo são minhas tentativas de criar um "esquema" para facilitar o trabalho manual para ampliar cenários do mapa do mundo de Bars (onde se passam a maior parte das aventuras desse universo fantástico), de modo que eu possa, por exemplo, ampliar a Costa do Tridente ou Monterugido sem perder a "linha base" da costa litorânea e as "distâncias" aproximadas entre as microregiões desses cenários.
Um mapa de fantasia não é apenas um guia geográfico. Ele é uma ferramenta de roteiro. Ter um mapa bem definido antes de começar a escrever o enredo me dá uma bússola. É no mapa que visualizo as distâncias entre os pontos de interesse, a topografia que influencia as batalhas, as paisagens que moldam a cultura de um povo. A Fortaleza de Bosquealto e o Prado das Cachoeiras das Brumas, por exemplo, não são apenas nomes, mas locais que sinto que conheço, porque os desenhei.
Guia Rápido: 5 Dicas para Criar o Mapa de Sua História
Se você, assim como eu, está embarcando na jornada de criar um mundo, aqui estão algumas dicas que aprendi no processo de dar vida a Monterugido.
Comece com o Essencial. Você não precisa de um mapa mundial completo no início. Comece com a área mais importante da sua história. Para o projeto MONTERUGIDO, foquei na cordilheira e seus arredores imediatos. O resto do mundo pode ser explorado mais tarde, se a história exigir.
Dê Nomes que Contam Histórias. Os nomes dos locais podem revelar a história, a cultura e a topografia da sua região. O Prado das Cachoeiras das Brumas não é apenas um prado, mas um lugar com um elemento natural que o define e que, na história, está ligado à divindade da região: a Vazante-Gélida.
A Topografia Molda a Trama. Pense em como o terreno afeta a vida de seus personagens. Uma montanha intransponível é uma barreira de roteiro, um rio navegável é uma via de comércio, uma floresta densa é um lugar de perigo e mistério. Os vulcões de Monterugido, por exemplo, não estão ali por acaso: eles são a morada ancestral de uma das raças do universo do livro.
Use a Simplicidade a Seu Favor. Não se preocupe em criar uma obra-prima artística no primeiro rascunho. O importante é a clareza. Use símbolos simples para rios, montanhas e cidades. O desenho manual, com suas imperfeições, pode ser uma ferramenta poderosa para conectar você à sua história.
O Mapa é um Personagem. Deixe que seu mapa respire. Ele vai mudar e evoluir com a sua história. O mapa da cordilheira de Monterugido que comecei a desenhar me deu ideias para novos capítulos. A Câmara dos Falcões e o campo de treinamento, por exemplo, surgiram depois que tracei as muralhas e o castelo.
Um mapa é a alma de um mundo de fantasia. E, no meu caso, ele está sendo a bússola que me guiará na jornada de escrita, explorando cada vale e cada pico para desvendar o que se esconde na sombra de Gorgo.
Fiquem ligados, pois em breve irei compartilhar um "pergaminho" escrito por um personagem do meu universo, que trará ainda mais detalhes sobre a rica história de Monterugido.
O que você acha? Você costuma usar mapas para sua escrita ou prefere deixar o mundo fluir conforme a história se desenvolve? Deixe sua opinião nos comentários.
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