Travamento Criativo, Gatos Pretos e Sete Monstros Lendários: Diário de um Escritor


Olhos de Gato preto se movendo

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Em um piscar de olhos a sexta-feira já chegou.

Está uma manhã amena de inverno, com o sol brilhando e um céu azul sem nuvens, manchado apenas no horizonte por aquela típica camada de poluição que vemos nas cidades metropolitanas (principalmente nos meses mais frios).

Resolvi publicar um novo capítulo no meu diário de um escritor (ou crônicas de um autor independente, para quem se identifique com o trabalho indie), para desabafar um pouco sobre as agruras desse trabalho que às vezes (quase sempre) é bastante solitário.


Passei a semana debruçado sobre mais pesquisas a respeito da mitologia das tribos ancestrais da América do Sul, com foco nos tupi guarani, embora eu não tenha me limitado apenas a ler sobre essa tribo. O motivo da minha pesquisa são os contos nos quais estou trabalhando no momento (acho que ultimamente eu estou trabalhando em muita coisa ao mesmo tempo, sem conseguir focar completamente em nada).

Trabalhando em alguns roteiros e posts para o blog

Não obstante, após chegar a um beco sem saída, eu resolvi focar novamente no mito dos sete monstros lendários (filhos de Taû e Kerana), os quais serviram de base para o meu conto "A Rua dos Anhangás" e também para os outros roteiros nos quais estou trabalhando para criar novos contos ambientados nesse mesmo "universo". Acontece que um personagem em particular merece ser salvo de um descarte completo; pois ele possui potencial (ao menos eu acredito nisso). Para impedir que ele seja arrastado pelas garras da morte, devo encontrar um sentido para ele ao mesmo tempo em que lhe dou um propósito maior. Após testar algumas alternativas, achei que seria melhor voltar para o mito base por trás desse "universo fantástico" que está diretamente ligado aos sete monstros lendários. Aliás, esse mês vou publicar uma postagem sobre o mito dos sete monstros lendários dos guaranis, com detalhes sobre o mito e com as fontes de informação que usei em minhas pesquisas.

É engraçado como uma coisa leva a outra. Eu cheguei a passar os olhos por um conto que planejei para lançar no Halloween (ou talvez um pouco antes do Halloween): é uma história sobre um gato preto muito especial, chamado Chipe. Eu estou chamando esse conto; provisóriamente, de "Projeto zona de Blacaute" e eu já apresentei a sinopse dele aqui no Blog. Mas ainda estou “empacado” com o final deste roteiro, como também na dos demais...

Planejar finais é algo bastante complicado e eu não tenho nenhuma facilidade para fazer isso. Nunca tive. Ainda assim eu conseguia chegar a um final satisfatório na maioria das vezes (ao menos, na minha própria opinião). Ultimamente, porém, eu tenho ficado crítico demais com minha escrita (não sei o motivo exato) e isso tem me prejudicado um pouco (muito, na verdade).

Nem preciso dizer que "Projeto zona de Blacaute" está atrasado, caso eu pretenda publicá-lo no Halloween deste ano.

Dizem que escrever um diário é algo terapêutico e, acreditando nisso, espero que desabafar sobre meu "travamento" atual me ajude a "desempacar" e seguir em frente, afinal, o pobre Chipe está aguardando o final de sua história e, devo dizer, não o deixei esperando em um dos seus melhores momentos.

um jovem escritor sombrio e punk escrevendo em seu notebook em uma tarde fria de inverno na região sudeste no brasil. o escritor é um jovem punk de cabelo curto e espetado com fios platinados, com roupas pretas, uma cachorrinha cor de caramelo deitada aos seus pés, estão em uma casa suburbana na cidade de oz
Nem quero falar sobre os demais personagens em seus respectivos contos: Enzo não poderia estar aguardando em pior hora que a minha caneta tire-o daquele galpão escuro em meio de um acontecimento tão macabro. E quanto à Luísa? A pobre garota mal pode esperar para descobrir a verdade sobre seus estranhos pesadelos e sobre o segredo sinistro que o pai guarda a respeito do seu nascimento e a morte de sua mãe. Não posso esquecer do sinistro Grafite que, bebendo a água da chuva, arrastou um garoto ainda sem nome para um território ao mesmo tempo fantástico e sinistro.

Enfim, essa pequena multidão precisa de mim e eu preciso deles. Crendo nisso, vou seguir em frente e ao invés de pensar que sou eu dando um final para cada um deles, vou pensar que estou desvendando o que aconteceu com cada um deles; até porque, no final das contas, acho que é isso mesmo o que acontece quando escrevemos: estamos mais descobrindo do que propriamente criando.

Vou ficando por aqui, pois, por motivos óbvios, eu ainda tenho bastante trabalho para fazer...

PS.: Não me esqueci do trabalho que estou tendo com o antigo “O Leão de Aeris” e demais histórias ambientadas naquele outro “universo fantástico”, em que os Suna Mandís e os seguidores de Araór Végus vagam pelo mundo. Mas estas Crônicas de Assombrações Errantes vão ter que esperar um pouco mais.

Selfie na minha escrivaninha com o crânio "Ser ou Não Ser", enquanto escrevia e pensava sobre o conto de halloween, provisóriamente nomeado como Projeto Zona de Blacaute