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O dia mais longo do ano na visão pagã
Eu sempre senti uma ligação forte com a natureza e com as suas poderosas forças. Apenas depois de muitos anos que eu entendi que tenho uma visão do mundo mutio parecida com o que antropólogos chamam de xamanismo e que essa forma cultural e espiritual de ver o mundo e interagir com ele era comum na antiguidade. Sempre gostei de ouvir os espíritos dos elementos e de acompanhar os seus ciclos. Isso é algo que é feito desde muito tempo, por diversos povos, cujas culturas são chamadas de pagãs nos dias atuais. E uma das melhores formas de acompanhar e falar dos ciclos da natureza é acompanhar a mudança das estações do ano. Falarei sobre xamanismo e o que isso significa em outro momento. Pois agora vou dar continuidade aos meus textos sobre as estações do ano.
Hoje, 22 de dezembro, é o dia mais longo do ano no hemisfério sul. É o solstício de verão, um fenômeno astronômico que marca o início da estação mais quente e luminosa do ano. Mas o que isso significa para as religiões pagãs, que cultuam a natureza e seus ciclos?
O paganismo é um termo geral que abrange diversas tradições e vertentes religiosas que não seguem os dogmas das religiões monoteístas, como o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Os pagãos acreditam que existe uma força divina em tudo o que existe na Terra, e que é possível se conectar com essa força através de rituais, símbolos e celebrações.
Uma das formas de celebrar a natureza é respeitar e acompanhar seus ciclos, como as estações do ano e as fases da lua. O solstício de verão é um desses momentos especiais, pois representa o ápice da energia solar, da vida e da abundância. É um dia de alegria, gratidão e prosperidade.
Mas nem sempre foi assim. Na antiguidade, muitas culturas pagãs tinham uma visão mais sombria do solstício de verão. Para elas, esse era o dia em que o sol começava a perder sua força, e a escuridão e o frio se aproximavam. Era um dia de sacrifício, de oferenda e de preparação para os tempos difíceis que viriam.
Um exemplo disso é o paganismo nórdico, que cultuava os deuses da mitologia escandinava, como Odin, Thor e Freya. Os nórdicos celebravam o solstício de verão com fogueiras, banquetes e rituais mágicos. Mas eles também acreditavam que nesse dia, o deus do sol, Balder, era morto por seu irmão cego, Hoder, que era enganado pelo deus da trapaça, Loki. A morte de Balder simbolizava o início do Ragnarok, o fim do mundo, que seria marcado por uma grande batalha entre os deuses e os gigantes.
Outro exemplo é o paganismo celta, que cultuava os deuses da mitologia irlandesa, galesa e bretã, como Dagda, Morrigan e Lugh. Os celtas celebravam o solstício de verão com festas, danças e jogos. Mas eles também acreditavam que nesse dia, o deus do sol, Lugh, enfrentava seu rival, o deus da escuridão, Crom Cruach. A luta entre os dois deuses representava a eterna disputa entre a luz e as trevas, a vida e a morte, o bem e o mal.
Esses são apenas alguns exemplos de como as crenças pagãs se relacionavam com o solstício de verão. Hoje, muitos pagãos modernos, como os wiccanos, os bruxos e os druidas, resgatam essas tradições e as adaptam para os tempos atuais. Eles celebram o solstício de verão com rituais de agradecimento, de purificação e de manifestação de seus desejos. Eles também honram os deuses e os ancestrais que os inspiram e os protegem.
O solstício de verão é, portanto, um dia de muitos significados e de muitas possibilidades. É um dia para celebrar a natureza, a vida e a luz. Mas também é um dia para refletir sobre a impermanência, a morte e a escuridão. É um dia para se conectar com o divino, com o sagrado e com o mágico. Mas também é um dia para se preparar para o futuro, para o desconhecido e para o desafio.
E você, como vai celebrar o solstício de verão? 🌞