Retrospectiva da Forja: O Caminho do Sistema Caos Infinito

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Retrospectiva do projeto para criar um sistema de RPG de mesa — O Caminho do Caos Infinito

Aproveito esse final de ano para fazer uma breve retrospectiva do projeto Caos Infinito, que tem me permitido reviver a experiência nostálgica dos RPGs de Mesa e um dos meus primeiros contatos com o Designer de Jogos.

O Caos Infinito ainda não está pronto — pelo contrário, há uma longa jornada à frente  —, mas seu atual avanço já é digno de nota e permitiu algumas sessões de jogo bastante divertidas magrudada à fora.

🌌 Onde a Realidade Dobra as Esquinas

“Aruzan, o astro do dia, mergulha atrás da cordilheira, e seus raios escarlates parecem ser engolidos pelo cume das montanhas, como se elas quisessem abrir caminho para a noite. O manto sombrio que cai sobre as muralhas da Costa do Tridente não traz apenas o frio, mas o disfarce para habitantes misteriosos que lembram às pessoas ‘civilizadas’ que elas jamais reinarão sozinhas sobre o Mundo entre Seis Pilares.”

Bem-vindo a Bars. Este não é um lugar de heróis reluzentes ou vilões caricatos; é um mundo onde a maior ameaça habita o abismo insondável da alma humana. Como aprendemos com os relatos dos andarilhos Suna Mandís, o poder dado a um escravo pode transformá-lo em libertador ou em um novo mestre cruel — tudo depende do que arde em seu coração. Aqui, a magia (ou Aura) é o desejo dos espíritos moldando o caos, e a batalha mais épica não é travada em campos de guerra, mas no silêncio entre a razão e a loucura.

Neste cenário de Espada e Feitiçaria mesclado ao terror gótico, o sistema Caos Infinito foi forjado. Enquanto o mundo lá fora celebra o fim de mais um ciclo, eu me encontro nas entranhas do laboratório, unindo o aço das mecânicas à fluidez da narrativa.

A Jornada da Forja: Da V1 à V3

O projeto nasceu de um desejo nostálgico misturado à precisão técnica. Como um bom algoritmo (ou uma maldição de xamã), o sistema precisou de iterações para alcançar a maturidade. Nesta caminhada, contei com o apoio fundamental da minha filha, Diana, que tem me ajudado a testar cada engrenagem do sistema. Através das sessões de jogo com sua personagem, Dária, exploramos a perigosa região de Selvamar (na Costa do Tridente, apresentada em Os Dois Suna Mandís). Foi nessas aventuras que identifiquei pontos de melhoria e refinei as regras para o que elas são hoje.

1. O Nascimento do Embrião (V1): Simplicidade Brutal

Na V1, sobre a qual comentei aqui no blog, o foco era o minimalismo. Eu queria algo genérico como GURPS, mas barato e modular.

• O aprendizado: A base era funcional, mas o equilíbrio entre o "treinamento" (Perícias) e o "poder bruto" (Atributos) precisava de camadas.

• O Toque do Mestre: Estabeleci que se o atributo base for zero, a porta está trancada; não se aprende a arte da espada sem a força ou a agilidade para empunhá-la.

2. A Expansão da Alma (V2): O Comportamento do Mundo

Na V2, o sistema ganhou consciência social com os Três Pilares de Interpretação para Companheiros: Tendência, Motivação de Vida e Missão a Curto Prazo.

• A Inovação: Um aliado não é apenas um conjunto de números. Se ele for egoísta, poderá fugir quando a batalha cheirar a morte. Introduzi geradores procedurais para injetar caos nas interações, removendo o engessamento dos roteiros.

3. A Maturidade da Forja (V3): O Equilíbrio da Letalidade

A V3 consolidou os quatro pilares: Universal, Simples, Modular e Dinâmico.

• Letalidade Estratégica: O combate foi desenhado para ser resolvido em poucos turnos, focado em Corações (Slots de Dano) em vez de valores arbitrários de HP.

• O Teto de Poder: Limite a evolução de Atributos (13.000 XP) para evitar o "Complexo de Deus". Um veterano em Caos Infinito não tem necessariamente mais vida que um novato, mas conhece dez formas a mais de não ser atingido. O foco da evolução mudou do "poder bruto" para a "astúcia técnica".

O Futuro: Entre Lâminas, Lasers e Perícias

Embora a V3 seja um estado sólido da minha alquimia, o horizonte de 2026 traz novos desafios. O ATLAS (Gerador Procedural de Cenários) ainda está sendo esculpido para permitir a criação de mundos em minutos.

O Grande Desafio de 2026: O Refinamento das Perícias

Atualmente, a mecânica de perícias é um grimório detalhado — um prato cheio para quem ama estratégia pura e tática. No entanto, reconheço que para uma narrativa mais fluida, ela pode soar "burocrática".

Meu objetivo para o próximo ano é equilibrar esse rigor. Quero que as perícias continuem sendo ferramentas poderosas de simulação, mas que se tornem mais maleáveis, permitindo que a criatividade do jogador flua sem as amarras da rigidez técnica.

Conclusão

O Caos Infinito é a minha resposta ao cansaço dos sistemas burocráticos. É um convite para que você, viajante, tome as rédeas da criação, seja cortando as águas densas do Mar de Vidro em um navio corsário ou enfrentando fantasmas digitais em uma dobra de realidade.

O ano termina, mas a forja não para. Que seu descanso seja breve, pois em breve as marés de Ouan subirão novamente.

Mantenha seus dados por perto e sua inteligência afiada.

O Alquimista do Caos Infinito