Shōgun: O que a Épica de James Clavell Ensina sobre Intriga Política para Autores de Dark Fantasy
🐲 Shōgun: O que a Épica de James Clavell Ensina sobre Intriga Política para Autores de Dark Fantasy
Amigos do Grimório dos Arcanismos Sombrios, sejam bem-vindos à estreia do nosso Diário de Leitura!
Não é segredo para ninguém que a chave para construir mundos de Dark Fantasy ricos e sinistros não está apenas na magia e nos monstros, mas na sombra da alma humana. Por isso, a ficção histórica é uma fonte inesgotável de referências sobre política, estratégia e corrupção.
Atualmente, estou mergulhado em Shōgun, a gloriosa saga de James Clavell, que se passa no Japão de 1600, pouco antes da Batalha de Sekigahara. A história da ascensão do daimyō Toranaga (inspirado em Tokugawa Ieyasu), vista pelos olhos do piloto inglês John Blackthorn, é um verdadeiro manual de intriga.
Enquanto acompanho o livro e a aclamada série da Disney, percebi que Shōgun nos oferece lições valiosas sobre choque cultural, o preço da lealdade e, principalmente, como a violência e o sexo, quando bem utilizados, servem para aprofundar o drama e a atmosfera sombria de uma história.
Neste primeiro mergulho, baseado em minhas anotações dos Capítulos 1 e 2, vamos analisar a Guerra Simbólica que se desenha no Japão e o que ela ensina a nós, arquitetos de mundos sombrios.
Hoje é uma quarta-feira amena, é também magruda, e a rua lá fora está silenciosa. Apesar do sono, eu vou aproveitar esse momento de silêncio e tranquilidade para registrar as minhas primeiras impressões sobre o livro e a série Xógum no meu diário de leitura. Atenção, pois, apesar de eu estar apenas começando a leitura, meus registros trazem alguns (poucos) spoilers.
O Prólogo e a Tripulação Moribunda
📖 Shōgun - A Gloriosa Saga do Japão
Escrito em 1975, por James Clavell. A história se passa em meados de 1600, alguns meses antes da grande batalha de Sekigahara.
A história relata a ascensão do daimyō "Toranaga" (inspirado em Tokugawa Ieyasu) ao Shōgunato, vista pelos olhos de um piloto Inglês, o qual, por sua vez, é inspirado em William Adams. O nome do personagem é John Blackthorn.
📝 Nota: Já conheço um pouco sobre Tokugawa Ieyasu, mas quanto a William Adams, só pouco. Se não estou enganado, este sujeito é o mesmo retratado no filme "O Último Samurai", mas posso me confundir se é, de fato, este o indivíduo.
Comecei a ler a amostra do livro digital, enquanto não obtinha o livro físico.
Até o momento, passei pelo prólogo, capítulos 1 e 2.
Em resumo, no início somos apresentados a uma tripulação moribunda, onde sobrou deles, um grupo de holandeses e um piloto Inglês, que juntos devem totalizar entre 18 a 22 homens de um grupo que inicialmente devia ser composto por uma centena.
A Chegada ao Mercado Secreto de Portugal
O Naufrágio do Erasmus
Quanto ao navio, o Erasmus, este era o último de uma frota de 5 (se não me falha a memória).
A missão dessa frota era encontrar o Estreito de Magalhães em nome da Inglaterra e Holanda e chegar, se possível, ao Japão, tido à época como um reino (mercado) secreto de Portugal.
Bem, o Erasmus chega, de fato, ao Japão, porém isso acontece quando o navio naufraga na costa japonesa após uma forte tempestade.
O Choque Cultural
Os capítulos 1 e 2 apresentam o assombro dos japoneses em relação aos bárbaros de cabelos claros e olhos azuis, uma vez que estavam mais acostumados com portugueses e espanhóis católicos, que em sua maioria tinham cabelos escuros, olhos também escuros e uma estatura mais parecida com a dos japoneses. O mais notável, porém, é o assombro de John Blackthorn para com os "locais" e seus costumes exóticos.
Esse início de livro também se propõe a enfatizar a inimizade entre John e os religiosos católicos, simbolizando a Guerra entre estes países e estabelece o primeiro conflito com que o protagonista se depara:
A igreja católica o vê como um embuste, pois o Japão acredita que há apenas Portugal e Espanha no mundo lá fora e aquele piloto inglês pode pôr tudo a perder.
Jesuítas, Proselitismo e a Sobrevivência
A Acusação e o Inimigo em Comum
É por essa razão que os Jesuítas acusam John de proselitismo e inimizade, ao se olhar este.
Para sobreviver, John Blackthorn precisa convencer os japoneses de que não é inimigo deles e que, na verdade, ambos possuem um inimigo em comum.
Blackthorn está com sorte, pois naufragou na costa japonesa durante um período de instabilidade política e, por causa disso, não demora a perceber que nem toda pessoa japonesa vê com bons olhos a presença da Igreja Católica em suas terras.
Livro vs. Série: Violência e Sexualidade
Enquanto leio o livro, também assisto à série Shōgun, onde estou um pouco mais adiantado na história. Já pude perceber várias diferenças entre as mídias. Uma das pequenas diferenças, das quais as mais marcantes são a violência e brutalidade, bem como o teor sexual que a abordagem de forma ligeiramente diferente em ambas as mídias. Sendo que a série parece optar por uma abordagem mais indireta e comedida, enquanto o livro parece ser, até então, mais direto. Este é um tema interessante, pois ele também é um ponto usado para demonstrar o choque cultural que o protagonista sente no Japão.
Página 4: Lições de Engenharia de Mundos e a Alma Humana
O Valor da Ficção Histórica para o Escritor
Até o momento, estou gostando muito do livro. Seu estilo é direto e dinâmico. A riqueza de informações históricas, a riqueza com que o choque cultural é retratado e descrito, além da complexa vida política apresentada desde o início, são um ponto-chave.
Até não é de hoje que eu recomendo para qualquer autor interessado em escrever Fantasia Sombria (Dark Fantasy), ler o máximo possível livros de ficção histórica, para enriquecer as referências sobre questões práticas (o que serve também para a fantasia tradicional), como por exemplo:
Como funciona a intriga política;
Como governar um exército;
Como funciona um navio;
Etc.
Serve também para estudar a alma humana e suas sombras sob a lente da realidade ou, pelo menos, dos relatos históricos...
Bom, agora são 01:41, e embora amanhã seja feriado, eu preciso dormir. Por agora, encerro esse diário de leitura.
Até a vista...



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