Trabalho Honesto: Um Dorama Coreano Inspirador Sobre Amizade, Amor e Superação
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Trabalho Honesto
Criado por Choi Bo-Rim – Coreia do Sul
Emissora original: JTBC
1 Temporada com 12 episódios – 2024/Netflix
Sororidade
“Em busca de propósito, oportunidades e independência, quatro mulheres da zona rural abrem um negócio de produtos adultos e embarcam em uma jornada de autodescoberta.”
Começa com a clássica fofoca entre senhoras em um tradicional vilarejo rural na Coreia do Sul, sobre a vida de Han Jeong-sook, mulher do lar, bonita e casada, com um filho pequeno, mas na opinião das senhoras, uma beleza desperdiçada ao casar-se com Jae-Rim, um pobre encrenqueiro que não leva desaforo para casa e tudo resolve na briga, não parando em emprego nenhum. Com isso sobrecarrega a esposa que além de cuidar do lar ainda tem que fazer bicos para somar no sustento da casa.
Neste início já fiquei interessada só pela história não ser em uma cidade grande e ambientar se nos anos 80, já que vivi esta época. Me conquistou também quando a protagonista já está casada, pois normalmente doramas são sobre primeiro amor vindo da infância e o final é ficarem juntos. Não que não tivesse este elemento, pois Jeong-sook conhece seu marido na época de escola e ele a defendia do bullying na escola por ser filha de mãe “solteira”.
Jeong-sook mostra que até ter uma vida dura de muito trabalho ela está disposta a enfrentar se no final estará junto com quem ama, inclusive sua mãe que é sua rede de apoio. Seu filho vai começar as aulas e ela não tem como comprar uma mochila nova para ele, então usa uma mochila “feminina” que ganhou, mas Jeong-sook está determinada que uma hora ou outra irá comprar a mochila nova. Depois de um desentendimento com seu marido, a criatura do marido dela pega o dinheiro do aluguel e gasta em bebida e vai para casa de um casal de amigos. No outro dia indo fazer as pazes, ela flagra ele com sua melhor amiga, que é casada com seu melhor amigo de infância. Ah... mas isso ela não tolera e sua ilusão de que era realmente amada cai por terra e no meio disso tudo ainda corre o risco de despejo.
Sem ter muita alternativa surge a oportunidade de vender produtos de porta em porta. A questão é que são produtos sexuais, voltado para o público feminino, em um vilarejo rural, pensei, que bacana (contém ironia). Ressalto ainda o humor coreano para abordar assunto tabu, adoro...
Mais para frente, nos é revelado que sua ex melhor amiga está grávida, mas o casal de melhores amigos já tinha tentado engravidar e nesse processo foi descoberto que ele era infértil, portanto... Isso mesmo!!! Ao falar com seu amigo ele atribuiu a um milagre, então tá...
Aqui vou desenrolar como o caminho da protagonista se cruza com o das outras amigas e com o seu par romântico.
Bom, ao ir levar o seu filho na escola, ela conhece Seo Young-bok, que está carregando o mais novo nas costas, naquele estilo oriental de carregar bebês, ela puxa conversa e descobrimos que ela tem mais 3 meninas. Ela tem uma vida também de muito trabalho informal e sustenta a família, inclusive o marido desempregado. Mais para frente entendemos que ele não consegue emprego, pois é fichado, foi preso quando Young-bok estava grávida da primeira filha deles. Ela que incentiva Jeong-sook e começam a vender os produtos sexuais, tipo no esquema revendedora Avon.
Jeong-sook trabalha fazendo faxina, como “diarista” na casa de Oh Geum-hee, quando ela pega os produtos para vender, precisa de um lugar para mostrá-los, então pedi a Geum-hee para ceder a casa e convidar as “amigas” da mesma classe social para vender para elas. Geum-hee é casada com o único farmacêutico e comerciante da cidade que tem pretensões em ser amigo do presidente do Clube, não me pergunte que clube é este. Esposa do presidente do clube e dona da imobiliária, vai a este encontro, então imagina o caos. Geum-hee decide vender também e sair do marasmo de sua vida. Depois vemos que Geum-hee queria se casar, mas não ter filhos e ser uma mulher moderna, seu marido aceita tal condição e ao longo da história ele cativa meu coração, pois aceita sua esposa exatamente como ela é, mesmo antes de se casar com ela. Anos depois de casados o amor só fortalece. O marido de Geum-hee é uma grata surpresa.
Lee Joo-ri, mulher solteira com um filho da mesma idade que o filho de Jeong-sook, ela é dona de um salão de beleza, empreendimento que funciona em um imóvel alugado pela dona da imobiliária. Para conseguir dar conta de suas finanças também entra no negócio de vendas de produtos sexuais quando vai ao primeiro encontro na casa de Geum-hee, que é cliente em seu salão. Durante a trama ela se envolve com um rapaz, filho da dona da imobiliária que para os padrões de sucesso no oriente é um fracassado para a família, mas tem sua vida controlada pela mamãe. Ele trabalha na farmácia, funcionário do marido de Geum-hee que é do lado do salão, portanto vem muito caos também.
Por fim, Kim Do-hyun, ele vem de Seul, um policial detetive muito competente no que faz e é transferido para trabalhar na delegacia de um vilarejo tranquilo. Nos conduz a imaginar o por quê dele escolher ser transferido para lá. Bom aqui o babado é forte, ele foi adotado na infância por pais americanos, mas ele tem pesadelos recorrentes com quem ele imagina ser sua mãe salvando o em um incêndio quando era bebê. Ele tem uma lista de possíveis mulheres que possa ser sua mãe.
Em seu primeiro dia no vilarejo ele esbarra com a Jeong-sook que esqueceu no ônibus os produtos e fica desesperada pedindo para que ele a ajude alcançar o ônibus com seu carro. De início ele a acha maluca, mas ajuda. Quando ela pega de volta os produtos eles caem tudo no chão na frente dele e agora ele tem certeza de que ela é maluca.
Eles vão se trombando e meio que acompanhando a vida um do outro. Ele a acompanha passar pelas derrotas e vitórias em seu trabalho, passar pelo divórcio, passar por dificuldades financeira, passar pelas preocupações em relação ao seu filho e passar pela desaprovação de sua mãe, aliás, achei esta parte um primor, as vezes mulheres no papel de filha não entendem de onde vem tanta rigidez e as vezes as mulheres no papel de mãe não percebem que estão causando sofrimento com que lhe causou sofrimento, mas aqui este ciclo é interrompido.
Ao estreitarem a amizade ele acaba abrindo o jogo sobre o que ele está procurando, melhor dizendo, quem ele está procurando, então para retribuir tudo que ele já fez por ela começa a ajudá-lo com os contatos que tem no vilarejo, isso faz eles passarem mais tempo juntos além de seguir novas pistas do mistério de quem é a mãe de Kim Do-hyun.
Gosto muito do romance do casal, mas achei que faltou química entre os atores, já entre as quatro protagonistas a química é perfeita. Amo o ator que faz o marido de Seo Young-bok, os k-dramas que ele está e que eu assisti, é sempre muito bom. O ritmo da história não é frenético e nem muito lenta, achei na medida com elementos e personagens que nos faz degustar esta história sem pressa e sem achar que estamos sendo enrolados.
Nesse processo de vender estes produtos elas enfrentam um choque cultural, abusos de uma cultura patriarcal e seus problemas particulares. Para passarem por isso elas usam da sororidade, sendo rede de apoio uma das outras mostrando o que John Nesh provou em sua teoria, que temos mais a ganhar contribuindo um com os outros. Desafiam seus próprios tabus ao defender a liberdade sexual, financeira, a autoestima e a confiança das mulheres sobre suas próprias decisões e seus corpos.
Você que leu até aqui pode estar se perguntando, mas quem é a mãe de Kim Do-hyun?
E este trabalho honesto deu certo?
O que posso dizer que vale muito assistir para descobrir.
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