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Não sou um escritor poeta propriamente falando. Pelo menos, não me considero um poeta; quem dera eu fosse. Expressar por meio da poesia é coisa refinada e de difícil execução. Eu escrevo histórias de fantasia sombria e mistério em prosa (são o gênero de história que eu mais gosto de escrever e a prosa é onde me sinto mais confortável), mas faço poemas como recursos textuais adicionais para minhas histórias. Comecei com esse hábito quando eu ainda era adolescente e foi o Tolkien que me influenciou muito nesse aspecto. Porém, lembrando agora daquela época, eu na verdade já escrevia algumas "músicas" introdutórias para minhas histórias antes de conhecer o Tolkien, inspirado nos animês que eu assistia na TV, pois eu estava copiando aquela estrutura, aquele jeito de apresentar uma história que eu via na televisão: cada episódio tinha uma música de abertura (e às vezes de encerramento) e depois vinha o episódio propriamente falando.
Tanto é que naquele tempo eu sequer chamava os capítulos das minhas histórias de capítulo e sim de episódio. Esse é o caminho normal do aprendizado; aprendemos copiando quando ainda somos jovens. Então, li Tolkien pela primeira vez, mais precisamente o Hobbit. Eu tinha por volta de 14 anos e fiquei fascinado com aquele escritor que escrevia e apresentava várias canções ao longo de uma história de aventura. Eu imediatamente comecei a fazer isso nos meus textos, quer as "canções" fossem ou não necessárias. Por isso eu aprendi esse tipo de texto lírico que vocês verão abaixo, com uma estrutura completamente livre de estilo formal. Para quem gosta de poesia que segue um estilo formal, eu peço desculpas, mas ainda não aprendi como fazer isso.
O Rainha dos Mistérios é um texto cujo objetivo é introduzir não uma, mas sim uma coleção de pequenas histórias; contos e talvez até algumas noveletas, cujos gêneros literários são diversos. Algumas dessas pequenas histórias possuem um tom mais reflexivo, até introspectivo. Outras são pequenas aventuras repletas de sombras. Um humor soturno pode surgir em alguns momentos, levando à sátiras, bem como o deleite fantasmagórico com que sondamos o desconhecido quando este aparece bem diante dos nossos olhos; quer sejam os nossos olhos carnais, quer sejam nossos olhos etéreos, da mente, do espírito. Outros contos são sobre o medo; de várias coisas, como do futuro, de nós mesmos e do que nosso gênio é capaz de criar. O realismo mágico, a fantasia, a ficção e o terror se misturam nessa miscelânea literária.
Apesar da diversidade de gêneros, essa coleção de histórias possui esse tom, esse clima de "mistérios da noite" com um sabor de "prazeres e terrores da escuridão". Seu título é Arquivo Nix. Por isso é para Nix, a noite, que eu escrevi o poema abaixo, tomando toda a liberdade lírica para me expressar como um poeta humilde e um tanto quanto desajeitado que tenta descrever algo tão complexo quanto o é a Rainha dos Mistérios; matrona desse gênero literário tão incrível e atemporal.
Mergulhe nos mistérios da noite com o poema "Rainha dos Mistérios" e prepare-se para explorar em breve o universo sombrio da coleção Arquivo Nix, repleta de contos de fantasia, mistério e horror.
Rainha dos Mistérios
Oh Noite!
Rainha dos Mistérios!
Teu corpo é uma sombra,
com toque aveludado.
Tuas jóias,
são o céu estrelado.
Oh Noite!
Rainha dos Mistérios!
Tuas mutáveis vestes,
são as nuvens escuras,
que vagam pelo firmamento,
Roupagens belas e inconstantes
Mas nunca tão belas,
quanto teu semblante descoberto.
Oh Noite!
Rainha dos Mistérios!
Lança teu manto de escuridão,
Sobre a face do infinito,
e sobre os infinitos,
de cada coração.
Oh Noite!
Rainhas dos Mistérios!
Teus segredos dançam,
pelos vales misteriosos,
do sonho e do pesadelo.
Enquanto teu mistério nos espreita,
Nos perguntamos:
Como devemos recebê-lo?
Será com doce maravilhamento?
Ou será com aflitivo medo?
Oh Noite!
Rainha dos Mistérios!
Tesouros secretos,
de indizível maravilha e
de inimaginável terror,
estão ocultos
em sua face de sublime esplendor,
hora é fria,
hora é afável,
mas nunca deixa de ser,
um enigma indecifrável.
Oh Noite!
Rainha dos Mistérios!
Fora de ti,
todos nos sentimos estranhos,
Quais segredos nos esperam em teus braços?
Quais terrores nos espreitam em teu manto?
É sono ou morte,
o que nos espera em teu colo?
O que seu beijo frio nos reserva?
É uma louca maravilha
ou um desconcertante espanto?
Oh Noite!
Rainha dos Mistérios!
Quais fantasmas habitam,
nas sombras da memória?
Quais monstros espreitam,
nos abismos da alma?
Criaturas das trevas,
se libertam em tua honra,
para demonstrar toda sua fúria,
e devassidão,
pois se sentem protegidos,
em teu manto de escuridão.
Oh Noite!
Rainha dos Mistérios!
Tua face indecifrável é treva absoluta!
O que ela esconde?
É maravilha ou terror?
É sonho doce?
Ou amarga loucura?
Gostou do poema? Compartilhe suas impressões nos comentários! E não se esqueça de me seguir no Wattpad para acompanhar a publicação dos contos de Arquivo Nix, que começarei em breve.
Vou ficando por aqui, pois o Segredo do Jardim Proibido ainda está a minha espera...