Este é um Grimório de estudos sobre Bestiário de Monstros, Folclore Tenebroso, Dark Fantasy, RPG de Mesa e a arte da Criação de Mundos. Por Éder S.P.V. Gonçalves. 🗡️
Eu sempre gostei do sobrenatural, dos mundos fantásticos e os seus personagens de fantasia. A maioria das pessoas pode pensar “nossa, que bonitinho um adulto ainda gostar desse tipo de história“. É normal que a maioria das pessoas pensem assim (ou pensem coisas piores), afinal o que uma simples historinha “de faz de conta” tem a oferecer para o mundo real e seus infindáveis problemas?
Mas acontece que há algo escondido nas histórias fantásticas que as pessoas quase sempre não percebem que está lá: não raro essas histórias tocam justamente nas duras e difíceis questões reais que estão sempre presentes na vida de todo mundo.
Foto por Chris J Mitchell em Pexels.com
Para dizer a verdade, talvez não devêssemos tratar “demônios” e “fantasmas” como algo diferente de “problemas reais“, uma vez que não há distinção entre eles. Se uma pessoa mata outras pessoas por causa da sua avareza e ambição sem limites, isso é tão assustador que não seria exagero dizer que essa pessoa é um “verdadeiro demônio“.
Foto por cottonbro em Pexels.com
Pense sobre isso: se uma pessoa voltasse dos mortos como um fantasma, para se vingar dos vivos, isso não seria assustador por que a pessoa virou um fantasma; o assustador aqui é o desejo de vingança capaz de devastar a todos que encontrar pelo caminho como uma chama feroz e indomável. Se o executor da vingança é um fantasma ou uma pessoa viva, isso é irrelevante.
Mas uma das grandes verdades sobre as histórias fantásticas é essa: elas são um espelho dos nossos desejos mais secretos e aterradores. Por meio dessas histórias, podemos encarar os nossos próprios demônios e vislumbrar do que realmente somos capazes, caso nos seja dada a oportunidade.
Foto por Pixabay em Pexels.com
Quem não lê… Quem não assiste… Quem não ouve uma história sobre coisas ou fatos sobrenaturais e não sente um desejo secreto, um desejo que lateja de forma aguda bem lá no fundo da alma?
“Que desejo?” você vai me perguntar. Eu vou lhe responder “o desejo em si não importa, o que importa é que Há um Desejo“. Sim, um desejo profundo e vasto demais para que o percebamos com clareza. É como olhar para o oceano e pensar que ele é apenas um grande espelho de água, quando na verdade ele esconde um universo inimaginável por baixo de suas ondulações superficiais.
Pode ser um desejo de que a vida após a morte realmente exista e que possamos voltar como fantasmas para esse mundo físico de prazeres materiais e assuntos inacabados. Pode ser também o desejo de queimar seus desafetos vivos com um simples estalar de dedos ou ainda o desejo de nos livrar de nossas doenças físicas nos transformando em um vampiro imortal. O desejo de trazer um ente querido de volta do mundo dos mortos; nem que seja na forma de um fantasma capaz de nos fazer companhia. O desejo de conquistar o mundo com o nosso próprio poder e enfim torná-lo um lugar melhor… Ou quem sabe, um lugar ainda pior (ao menos para aqueles que nos cercam).
Os desejos são muitos. Mas no fundo, todos possuem uma mesma origem; aquele pedaço secreto do nosso coração, aquele fogo original que todos nós temos, por mais que não queiramos encará-lo de frente com medo de nos queimar ou nos ofuscarmos com o quão intensos podemos ser.
Foto por Engin Akyurt em Pexels.com
A grande questão sobre as histórias fantásticas é que todos nós somos um pouco como o agente Fox Molder de Arquivo X:
Todos querem acreditar…
No seriado X-Files, o agente Fox Molder possui o poster de um disco voador com a frase “I Want to Believe”
A fotografia original é de 1975, foi tirada em Schmidrüti (Suíça)
Isso é bastante óbvio até, pois acreditar nos faz mais fortes. A crença nos dá poderes. Para o bem ou para o mau.
No fim, talvez todos sejamos um pouco como Nero:
Cupitor Impossibilium.
“aquele que deseja o ímpossível”, citação dos Anais, 15, 42, de Tácito (55-120 d.C.), historiador romano.
Fogo em Roma por Hubert Robert . Uma pintura do fogo queimando Roma.
A Lendária Excalibur Que eu me lembre, a primeira vez que tomei conhecimento sobre a excalibur foi quando, em minha infância, eu assisti ao filme animado " A Espada era a Lei ". Foi nesse filme que houvi pela primeira vez sobre uma espada mágica, encravada em uma pedra de tal forma que ninguém conseguia tirá-la de lá. No entanto, aquele que conseguisse tal proeza, se tornaria rei. Lembro vagamente do filme, mas lembro do encantamento com a ideia de uma espada mágica e de toda a aventura envolvida naquele enredo. Eu sempre gostei de espadas e embora eu esteja me arriscando ao dizer isso: a Excalibur deve ser a espada mais famosa em todo o mundo. Essa famosa espada mágica pertenceu ao rei Arthur, o lendário soberano da Grã-Bretanha que governou com sabedoria e justiça os cavaleiros da Távola Redonda. A origem do nome Excalibur é incerta, mas pode vir do galês Caledfwlch, que significa "quebra-ferro", ou do latim Caliburnus, que significa "lâmina de aço". A...
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🌠 Diz a lenda que Kerana, a bela filha de Mangaratu, foi sequestrada por Tau. É irônico pensar que mulher tão bela estivesse fadada a tal destino, pois Tau não era um pretendente qualquer; era um espírito maligno em forma carnal, personificação do próprio mau. Alguns dizem que a deusa da alvorada, Araci lançou uma maldição sobre eles... Outros dizem que foi Angaturipy, o espírito do bem... Seja lá quem estiver dizendo a verdade neste mundo de deidades fofoqueiras, o fato é que os deuses amaldiçoaram aquela desastrosa união, da qual nasceram; não sete crianças, mas sete monstruosidades. — Éder S.P.V. Gonçalves em A Rua dos Anhangás E lá vai Kerana, correndo pela mata, tentando fugir de Tau... Mas não para sempre. Acontece que o "coisa ruim" dos Guarani consegue, após muita persistência, conquistar Kerana e juntos eles dão origem às criaturas mais fabulosas da mitologia das tribos tupi guarani. E dessas criaturas que vamos falar hoje. Olá. Para quem não me acompanha aqui no b...
🐯 Esse é mais um Caos Diário, que é quando escrevo para por alguma ordem na minha confusão mental. Então hoje vou apenas divagar e refletir em torno de ideias um pouco esparsas. Nos últimos dias... Não, já se vão semanas em que eu tenho trabalhado muito, dormido pouco e por aí vai a coisa (ou não vai, dependendo do ponto de vista). Tenho muitos planos para esse ano; projetos familiares, meus hobbies e um projeto pessoal. Infelizmente eu comecei esse ano com menos tempo disponível que de costume, devido à carga de trabalho mencionada e também devido a um trabalho (quase filantrópico) ao qual eu me propus por um tempo (e que é em parte responsável pela carga de trabalho extra que está comprometendo minha agenda para os meus projetos pessoais). Felizmente, o meu prazo para encerrar esse trabalho filantrópico está se aproximando e, após concluí-lo, retomo minhas atividades costumeiras (meus livros, podcasts, desenvolvimento de jogos, etc). Pode parecer egoísta eu querer que um trabalho de...
👹 As pessoas mudam. O tempo passa. A água do mar segue as marés. Até mesmo quando as pessoas partem para o mesmo porto, O mar, a cor e a altura das ondas são diferentes para cada um. Ayakashi, Mononoke e Umibozu. Enquanto houver escuridão na mente humana, eles nunca desaparecerão. Temam suas vozes, que saúdam e convidam vocês! Finalmente resolvi falar sobre um dos meus animes favoritos e que me foi fonte de inspiração para a estética dos protagonistas de um dos meus livros; Edin e Dion ( dois andarilhos do povo Suna Mandí, sobre os quais você pode ler mais nesse post ). O anime trata-se de Mononoke e não, eu não estou falando do filme "Mononoke Princess", embora ele também seja ótimo e eu também goste muito dele e de sua mensagem. Porém, a série mononoke tem uma pegaga mais voltada para o horror psicológico e um pezinho mais próximo da fantasia sombria do que o filme Mononoke Princess. Eu já assisti essa série algumas vezes e estou a revendo agora que ela está disponível ...
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🦇🧛🦇 Uma injustiça com Carmilla A injustiça é uma das engrenagens do mundo. Por tanto, para mudar o mundo, temos que quebrar suas engrenagens e força-lo a funcionar de um modo diferente. Quebremos mais uma injustiça; a que Drácula cometeu e ainda comete com Carmilla. Consideramos Drácula o precursor dos vampiros modernos. Mas a grande verdade é que, se há um precursor, não é um “ele” e sim um “ela”. Falo de Carmilla: a vampira de Karnstein. Estou ansioso por acrescentar este livro à minha lista de leituras concluídas, mas primeiro tenho que terminar de ler o Drácula (uma leitura que apesar de interessante, é um tanto quanto mais morosa do que eu imaginava). Por incrível que pareça, conheci essa personagem graças a duas produções com origens lá no oriente: o filme Vampire Hunter D: Bloodlust e CastleVania da netflix, eu falo um pouco sobre isso em outro post aqui no blog . Em ambas as produções há uma versão da Carmilla (assim como do próprio Drácula). Uma das curiosidades a respeito ...
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