Quem venceu a Guerra do Anel foi Bilbo e não Frodo

Arte de capa original de O Hobbit, criado pelo próprio Tolkien
The Hobbit wallpaper by RossSchmidt on DeviantArt

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Tudo o que vou escrever nessa postagem é apenas uma opinião minha. É a conclusão à qual cheguei como leitor de Tolkien após ler o Hobbit e o Senhor dos Anéis algumas vezes (e isso já faz bastante tempo).

Dito isso, vamos à minha tese.

Em o Hobbit (a versão atual, que todos nós conhecemos) Bilbo Bolseiro tem a oportunidade de atacar e matar Golum um pouco antes de escapar das montanhas nevoentas (também chamadas montanhas sombrias na tradução da Martins Fontes). Porém, o bondoso Hobbit fica com pena daquela vil criatura que, apesar de malévola, estava sofrendo e em desvantagem naquele momento. Desse modo, Bilbo escolhe apenas fugir passando por Golum sem atacá-lo. Golum, mesmo furioso, não pode fazer nada, pois além de não conseguir ver Bilbo (por causa do poder do Anel) não pode sair de seu esconderijo, pois do contrário atrairia a atenção dos Orcs para si.

A propósito, eu falo em versão atual, porque a primeira versão de o Hobbit não tinha o "Um Anel". Tolkien reescreveu o Hobbit incluindo o Anel posteriomente, após escrever o Senhor dos Aneis. O escritor fez isso para criar um "elo" que conectasse ambas as obras. Claro, estou contando isso de forma resumida, mas foi dessa forma que nasceu a versão que todos conhecemos e na qual o senhor Bolseiro de Bolsão encontra o Anel do Sauron.

Bom, mas qual é afinal a relação desse evento com a vitória na Guerra do Anel, retratada em O Senhor dos Anéis?

A resposta é "a Piedade de Bilbo", pois foi no exato momento em que Bilbo teve pena de Golum e resolveu polpá-lo que a Guerra do Anel foi venciada pelas forças do bem.

Para explicar minha tese, vamos avançar no tempo para o momento em que (na minha humilde opinião) o escritor evidência a importância do ato de Bilbo. É bem no começo de O Senhor dos Anéis, quando Galdanf está dando as más notícias para Frodo e lhe dizendo que o Grande inimigo já sabe o nome "Bolseiro" e também que é esse tal de "Bolseiro" quem está de posse do Um Anel. Frodo então questiona como poderia Sauron ter tomado conhecimento de pessoas tão simples e singelas quanto os Hobbits do Condado, ao que o mago explica "graças a Golum, que após ser capturado pelas forças de Sauron, foi torturado até revelar tudo o que sabia sobre o paradeiro do Um, inclusive que foi o Bolseiro quem tomou o Um Anel dele".

Frodo então diz que Bilbo "deveria ter matato Golum quando teve a oportunidade".

Neste momento Galdalf o repreende (e Tolkien transmite sua mensagem através do mago), dizendo que Frodo não podia trazer os mortos de volta a vida e que por isso não poderia ser tão apressado em dizer quem deve e quem não deve morrer. Ele ainda diz que nem os muitos sábios sabem responder quem deve morrer e quem deve viver e que todos estão destinados a cumprir um papel antes do fim, seja para o bem ou seja para o mal. E isso se aplica a Golum também.

Desse momento inicial em O Senhor dos Anéis, podemos avançar para os capítulos finais, momento em que Frodo está diante da lava da Montanha da Perdião e tem a oportunidade de destruir o Um Anel. Neste momento decisivo Frodo sucumbe à tentação de Sauron e resolve ficar com o Anel para si.

Em outras palabras Frodo falha em sua missão.

Mas então Golum o ataca e na luta pela posse do Um Anel, arranca o dedo de Frodo (com o Um Anel) e, saltitando alegremente por ter recuperado o seu "Preciso", acaba escorregando e caindo na lava da Montanha da Perdição, dando fim ao Um Anel e à Guerra pela sua posse e pela dominação da Terra Média.

Afinal, quem venceu a Guerra foi a piedade de Bilbo, que permitiu que Golum desempenhasse, mesmo sem saber, a vontade da Divina Providência (devemos lembrar da grande influência cristã nas obras do escritor), fazendo o bem triunfar sobre o mal, mesmo que por caminhos e meios misteriosos e insondáveis.