🤘
Fazia bastante tempo que eu não escrevia uma página sequer do meu “Caos Diário”, que é um registro das minhas reflexões pessoais, desabafos, crônicas e coisas do gênero.
Hoje eu vou falar sobre um assunto que se tornou bastante popular nos últimos anos; homens com cabelo comprido.Eu sempre tive um espírito de cabeludo, isto é, sempre gostei de ter cabelo comprido, embora eu só tenha tentado manter esse estilo duas vezes até hoje. Quando criança eu nunca tive cabelo comprido, mas também não usava o cabelo curto, era um corte entre curto e médio e que me manteve aí com um estilo “capacete” por bastante tempo, culminando em um período escolar no qual fui alvo de chacota por bastante tempo. Com isso, aprendi a lidar com as provocações e me blindar em relação a elas.
Mas aí, eu terminei a escola e comecei a trabalhar. Foi a primeira vez que fiz um corte social, bem curto. Bom, antes de mais nada, é preciso que eu deixe claro que não tenho nada contra o estilo em que se corta o cabelo curto, assim como também não tenho nada contra quem gosta de ter esse estilo e toda a sua gama de variações: cortes sociais, degradês, entre outras variações. O ponto aqui é que eu não me sinto bem com esse corte, ao passo que, com o cabelo longo, eu me sinto melhor. Na verdade, só de deixar meu cabelo crescer um pouco além do estilo formal eu já me sinto melhor comigo mesmo. Essa é uma questão interessante: por qual motivo me sinto melhor assim? Sinceramente, eu acredito que é só uma questão de gosto pessoal mesmo, que por si só já é uma matéria bastante complexa e difícil de se analisar de forma lógica e racional. Mas a questão “gosto pessoal” ou “preferências pessoais” não precisam ser analisadas à luz da lógica (a menos que você seja um filósofo ou filósofa ou psicólogo ou psicóloga estudando a mente humana), afinal de contas, ninguém precisa explicar por qual motivo gosta mais de laranja do que de mexerica ou vice-versa para compreender que possui uma preferência.Da primeira vez em que tentei deixar o cabelo crescer, fracassei por conta do ambiente do ambiente de trabalho; haviam algumas pessoas de mais idade onde trabalho que começaram a criticar meu cabelo, dizendo que eu precisava cortá-lo. Eu não tinha nem trinta anos na época e fiquei muito preocupado com isso. Lembro que não ouvi críticas apenas no ambiente de trabalho: também na minha família houve muita reclamação, muita crítica e muito palpite sobre como eu "ficava melhor com o cabelo curto"; até mesmo meus pais ficaram enumerando os motivos pelos quais eu ficava melhor de cabelo curto.O grande ponto aqui é que a escolha sobre sua própria aparência e estilo, não se trata do que as pessoas pensam ou sentem sobre você, mas sobre o que você pensa e sente sobre si mesmo.
Eu sabia de tudo isso nessa época, mas a preocupação com o emprego falou mais alto e eu acabei cedendo à pressão. Nessa época meu cabelo sequer chegou a ficar comprido; deixei ele crescer por uns cinco ou seis meses no máximo. Essa questão não deveria ser uma fonte de stress e as pessoas não deveriam sequer me abordar sobre esse assunto de forma invasiva e até mesmo autoritária: você precisa cortar o cabelo, você fica feio assim, não é adequado para o ambiente de trabalho (eu trabalho na área da tecnologia da informação, então o meu corte de cabelo não tem nenhuma influência no meu trabalho, mas talvez algumas dessas pessoas imaginem que eu digito com o cabelo, embora, mesmo que fosse esse o caso, o cabelo comprido seria uma vantagem). Na verdade, essa questão não deveria ser sequer uma "questão". Mas foi uma “questão” e eu passei muitos anos depois disso usando o corte curto antes de voltar a cogitar a possibilidade de deixar o cabelo crescer novamente.Da segunda vez em que eu decidi deixar o cabelo crescer eu fui até que bem sucedido, pelo menos no sentido de conseguir deixar o cabelo crescer bastante, ao ponto de se tornar realmente longo. Isso aconteceu durante a pandemia e, devido ao isolamento social (parcial, por que mesmo trabalhando na área de Tecnologia, eu ia para a empresa dia sim, dia não), foi possível passar pela "fase chata" do crescimento do cabelo com um pouco mais de tranquilidade. Eu digo um “pouco mais”, pois mesmo assim, ouvi piadas e provocações na empresa. Nunca dei queixa sobre isso, embora eu pudesse. Aliás, apesar dos comentários invasivos sobre meu cabelo e das duras críticas e piadas que visavam claramente me inibir e me fazer cortar o cabelo, eu as ignorei e deixei meu cabelo crescer e, quanto a isso, ninguém fez nada mais efetivo para me prejudicar. Ao menos, até aquele momento não. Porém…Nesta época, fiquei com o cabelo bem longo; minha franja chegava até a altura do estômago. Porém, com o tempo eu fracassei novamente e, de novo, por pressões no ambiente de trabalho, que chegaram em um novo patamar: não quero entrar em muitos detalhes, mas vou resumir da seguinte forma: uma promoção pela qual eu aguardava há um tempo só viria se eu cortasse o cabelo. Aquilo me deixou em um estado de ânimo péssimo, para dizer o mínimo.No final, a promoção veio mesmo sem que eu cortasse o cabelo, mas eu ainda me sentia pressionado, como se eu estivesse devendo alguma coisa pela promoção que, na verdade, eu merecia independente de qualquer coisa, mas com o receio de me prejudicar no futuro, acabei "passando a maquininha". Isso aconteceu entre agosto e dezembro de 2022; não me recordo a data exata.
Essa minha decisão foi uma grande besteira e eu me arrependi amargamente no mesmo dia, não apenas por uma questão de vaidade, mas principalmente porque o meu senso de liberdade individual recebeu um grande golpe. Afinal, eu não uso o meu cabelo para exercer o meu trabalho; não sou ator ou modelo e minha aparência não exerce nenhuma influência no meu desempenho. Então, diabos, por qual razão as pessoas sentem essa necessidade de controlar a aparência das outras?Acho que essa é a grande pergunta da minha reflexão de hoje, para a qual eu não tenho nenhuma resposta satisfatória no momento. No entanto, tenho uma noção do que pretendo fazer a respeito dessa percepção de que as "pessoas adoram controlar a aparência das outras". Tive a ideia um dia desses enquanto estava navegando pela rede social que eu mais gosto, o Pinterest e vi uma frase do Bruce Lee que diz o seguinte: "eu não estou nesse mundo para atender suas expectativas e você não está nesse mundo para atender as minhas". Eu não tenho certeza se a frase é mesmo do Bruce Lee, mas, independente disso, ela resume o meu estado de espírito em relação a essa questão: ser cabeludo ou não ser não é uma questão, mas uma escolha tão simples quanto escolher o sabor do suco de frutas que você prefere, ou escolher entre tomar uma xícara de café ou chá. Não estou interessado no que a sociedade contemporânea definiu como sendo "um corte de cabelo apropriado" para homens. Eu quero manter o meu cabelo da forma que eu me sinto bem e não estou interessado na opinião de outras pessoas, seja no ambiente de trabalho ou não… Bem, para falar a verdade, eu adoraria não me preocupar com o ambiente de trabalho, mas vou ser franco, essa é sim uma preocupação, porém, não uma preocupação que vá me impedir de voltar para o visual no qual eu me sinto bem.Contudo, vou considerar fazer isso da forma “menos chamativa possível” e isso não vai ser fácil.Acrescento que a ideia de empresas decidindo o que as pessoas devem ou não fazer e como devem ou não viver, já é algo que me causa repugnância por outras razões: vivemos em um mundo controlado por essas entidades que possuem um CNPJ e agem como seres incorpóreos formados por um "aglomerado de operações financeiras" mantidas pelo trabalho humano e exploração de recursos naturais. Certamente que a ideia de ter uma empresa decidindo como vivo a minha vida é algo que, no mínimo, me enerva. Eu costumo dizer que as “empresas” são os novos deuses do mundo contemporâneo e sua casa não é algo como o monte Olimpo, mas um um sistema financeiro que conhecemos como Capitalismo. Por isso eu digo que as “Empresas” são os deuses do “Monte Capital”. Claro que, neste ponto, eu estou no time dos Titãs que ameaçam a hegemonia do “Monte Capital”, se é que vocês me entendem.Desde a época em que cortei meu cabelo comprido, eu tenho mantido um corte curto em estilo "social", bem padrão e "adequado" para a família tradicional brasileira. Nada me deixa mais rabugento do que o dia em que vou lá, na barbearia, pedir um "corte social", para manter a minha juba comportada e dentro dos parâmetros socialmente aceitáveis. Bom, na verdade há outras coisas sim que me deixam ainda mais rabugento que isso, mas como elas não são o foco do meu assunto de hoje, elas não vem ao caso.Por volta do dia 17 de outubro, quando inclusive eu estava cortando o cabelo, o qual já estava a um mês e meio sem ver a “cara” da maquininha, eu voltei a pensar nesse assunto. Eu tinha um casamento para ir no dia 19. Como meu cabelo é volumoso, o fio é grosso e cresce rápido, não demora para ele começar a tomar uma forma armada e que com dois a quatro meses se assemelha a um grande microfone, a menos que eu use um gel modelador.
No próximo dia 17, vão fazer dois meses que cortei o cabelo. O meu plano é ir na barbearia/cabeleireiro quando tiverem se passado 3 meses, para baixar um pouco as laterais do cabelo. Com isso, pretendo evitar o máximo possível a fase “capacete” durante esse processo de crescimento do cabelo, evitando assim chamar muito a atenção no trabalho. Pretendo também contar com a ajuda de um profissional que conheça do assunto e possa me orientar a deixar o cabelo crescer da forma mais "formal" possível.Claro que, um cabelo comprido em homens não é uma coisa discreta simplesmente por uma questão de costume social: como as pessoas não estão acostumadas, elas não acham estranho, então, quando eu digo discreto, me refiro a chamar a atenção da melhor forma possível, tentando manter um visual mais comportado. Bom, eu até fiz isso durante um bom tempo, pois após ficar com o cabelo comprido o suficiente para amarrá-lo, eu vivia com ele preso em um coque na empresa. O problema maior foi durante a fase inicial do crescimento em que não é possível amarrar o cabelo. Muitos aconselham o uso de toucas e bonés (mas eu não posso usar isso na empresa onde trabalho, então fico sem muitas opções).
Abaixo, vou descrever o que planejo fazer, mas eu não sou um grande conhecedor do assunto e, como dessa vez pretendo contar com a ajuda de um profissional do ramo, irei ouvir também a opinião desse profissional e ir ajustando o meu plano conforme eu for aprendendo o que funciona melhor e o que não funciona para manter um cabelo comprido de forma mais discreta.
Após os primeiros três meses, cortar apenas a lateral do cabelo, sem passar a máquina, apenas abaixar o volume para criar uma diferença no comprimento entre o cabelo no topo da cabeça e laterais.
Então, após mais três meses, ajustar o corte para que seja possível deixá-lo crescer sem formar aquele "microfone" ou "capacete" característico dessa "fase chata" do crescimento do cabelo.
Após esses seis primeiros meses, eu imagino poder deixar meu cabelo crescer por mais três ou até seis meses antes de realizar um novo corte, mas sinceramente não sei bem o que esperar ao final desse tempo e, dito isto, eu vou precisar viver isso na prática para saber como vai ser.Talvez eu acabe realizando um corte antes, talvez não. A minha grande questão é que pretendo deixar o cabelo crescer novamente e, só de tomar essa decisão, já me sinto melhor, apesar de ainda sentir a preocupação com a pressão externa no ambiente de trabalho.
E você? Gosta de manter o cabelo comprido? Curto? Já enfrentou essa questão de sentir que o mundo quer decidir por você a sua aparência e estilo? Deixem seus comentários.
Vou ficar por aqui, pois preciso me dedicar no projeto NIX, que, aliás, já encontra-se no final da FASE 2, que é quando termino de escrever o primeiro esboço de uma história. A próxima fase é quando eu começo a revistar o texto, fazendo correções, ajustando incoerências, pontas soltas, entre outros detalhes que, na verdade, não são detalhes. Acho que essa fase é quase tão trabalhosa quanto a anterior ou até mais. Eu pretendo concluir esse trabalho até o natal, mas sendo bastante franco comigo mesmo, acho que vou me atrasar e provavelmente só conseguirei concluir esse conto (cujo tamanho já se aproxima de uma noveleta) em meados de janeiro.