Os Demônios de Ergatan: Uma verdade além da névoa da fantasia



Sinopse

Edin é um andarilho do povo Suna Mandhi. Ele e seu filho Dion; um garoto capaz de ver espíritos, estão à procura de um traidor de seu povo; Gorgo. O qual foi condenado à morte por revelar os secretos conhecimentos de sua própria gente. O rastro de Gorgo leva a dupla até a vila pesqueira de Ergatan. Lá chegando, Dion percebe uma presença os observando de toda parte; um espírito destrutivo e cruel.

Eu sou Éder S.P.V. Gonçalves, e apresento o meu livro Os Demônios de Ergatan.

São muitos os olhos que vigiam enquanto as pessoas se recolhem para dormir e se proteger dos perigos da noite. Olhos das corujas, dos morcegos, das jaguatiricas, dos peixes noturnos no leito do rio, dos demônios da escuridão e dos espíritos do céu, da terra, e também da neblina. Espíritos deste e de outros mundos.

Estes olhos estão atentos. E também seus ouvidos. Ouça o som de passos que soam sobre a terra úmida. O farfalhar de tecido e o baque quase inaudível de dois cajados batendo contra o solo. Um desses espíritos pressente a chegada de dois forasteiros a esta vila pesqueira…

Mas não é apenas ele que os está observando…

A neblina cobre este pequeno pedaço de mundo, envolvendo a tudo e todos em uma cortina fantasmagórica na qual os vultos sombrios dos galhos das árvores se confundem com os fantasmas e demônios reais que se escondem em cada fresta, atrás de cada pedra e nos corações das pessoas…



O ebook está disponível na Amazon.



A edição física está disponível no Clube de Autores e nas lojas parceiras (Amazon, Americanas, Submarino, Livraria Cultura, Estante Virtual e Mercado Livre);

Capa completa da edição física de Os Demônios de Ergatan

PODCAST

Você também pode ouvir essa história no podcast Caravana Sombria; Os Demônios de Ergatan está sendo adaptado para o formato de áudio. Alguns episódios da primeira temporada já estão publicados.

UMA VERDADE SOBRE AS HISTÓRIAS DE FAZ DE CONTA

Eu sempre gostei do sobrenatural, dos mundos fantásticos e os seus personagens de fantasia. A maioria das pessoas pode pensar “nossa, que bonitinho um adulto ainda gostar desse tipo de história“. É normal que a maioria das pessoas pensem assim (ou pensem coisas piores), afinal o que uma simples historinha “de faz de conta” tem a oferecer para o mundo real e seus infindáveis problemas?

Mas acontece que há algo escondido nas histórias fantásticas que as pessoas quase sempre não percebem que está lá: não raro essas histórias tocam justamente nas duras e difíceis questões reais que estão sempre presentes na vida de todo mundo.

Um esqueleto humano e um bosque no fundo
Foto por Chris J Mitchell em Pexels.com
Para dizer a verdade, talvez não devêssemos tratar “demônios” e “fantasmas” como algo diferente de “problemas reais“, uma vez que não há distinção entre eles. Se uma pessoa mata outras pessoas por causa da sua avareza e ambição sem limites, isso é tão assustador que não seria exagero dizer que essa pessoa é um “verdadeiro demônio“.

Um taco com pregos

Foto por cottonbro em Pexels.com
Pense sobre isso: se uma pessoa voltasse dos mortos, como um fantasma, para se vingar dos vivos, isso não seria assustador por que a pessoa virou um fantasma; o assustador aqui é o desejo de vingança capaz de devastar a todos que encontrar pelo caminho como uma chama feroz e indomável. Se o executor da vingança é um fantasma ou uma pessoa viva, isso é irrelevante.

Mas uma das grandes verdades sobre as histórias fantásticas é essa: elas são um espelho dos nossos desejos mais secretos e aterradores. Por meio dessas histórias, podemos encarar os nossos próprios demônios e vislumbrar do que realmente somos capazes, caso nos seja dada a oportunidade.


A silhueta de um homem lendo em uma biblioteca
Foto por Pixabay em Pexels.com
Quem não lê… Quem não assiste… Quem não ouve uma história sobre coisas ou fatos sobrenaturais e não sente um desejo secreto, um desejo que lateja de forma aguda bem lá no fundo da alma?
“Que desejo?” você vai me perguntar. Eu vou lhe responder “o desejo em si não importa, o que importa é que Há um Desejo“. Sim, um desejo profundo e vasto demais para que o percebamos com clareza. É como olhar para o oceano e pensar que ele é apenas um grande espelho de água, quando na verdade ele esconde um universo inimaginável por baixo de suas ondulações superficiais.

Pode ser um desejo de que a vida após a morte realmente exista, e que possamos voltar como fantasmas para esse mundo. Pode ser também o desejo de queimar seus desafetos vivos com um simples estalar de dedos, ou ainda o desejo de nos livrar de nossas doenças físicas nos transformando em um vampiro imortal. O desejo de trazer um ente querido de volta do mundo dos mortos; nem que seja na forma de um fantasma capaz de nos fazer companhia. O desejo de conquistar o mundo com o nosso próprio poder e enfim torná-lo um lugar melhor… Ou quem sabe, um lugar ainda pior.

Os desejos são muitos. Mas no fundo, todos possuem uma mesma origem; aquele pedaço secreto do nosso coração, aquele fogo original que todos nós temos, por mais que não queiramos encará-lo de frente com medo de nos queimar ou nos ofuscarmos com o quão intensos podemos ser.


A silhueta de uma pessoa na praia, usando uma capa escura
Foto por Engin Akyurt em Pexels.com
A grande questão sobre as histórias fantásticas é que todos nós somos um pouco como o agente Fox Molder de Arquivo X:

Todos querem acreditar…
No seriado X-Files, o agente Fox Molder possui poster de um disco voador com a frase “I Want to Believe”
Um cartaz mostrando um disco voador com os dizeres "Eu quero acreditar" em inglês
A fotografia original é de 1975, foi tirada em Schmidrüti (Suíça)
Isso é bastante óbvio até, pois acreditar nos faz mais fortes. A crença nos dá poderes. Para o bem ou para o mau.
No fim, talvez todos sejamos um pouco como Nero:

Cupitor Impossibilium.
“aquele que deseja o ímpossível”, citação dos Anais, 15, 42, de Tácito (55-120 d.C.), historiador romano.
Fogo em Roma por Hubert Robert . Uma pintura do fogo queimando Roma.
Fogo em Roma por Hubert Robert . Uma pintura do fogo queimando Roma.

COMO SURGIU A IDEIA PARA OS DEMÔNIOS DE ERGATAN?

Eu trabalho em uma história a muito e muito tempo. Essa história cresceu e hoje ela é um universo com vida própria. É quase como se eu entrasse em transe, quase como se meu espírito fosse capaz de voar até este outro lugar e, após visitar e observar este outro mundo, eu voltasse para este lado carregado de lembranças dormentes, as quais vou lembrando enquanto escrevo. Claro, esta é uma forma de ver as coisas. Outra forma é dizer que após trabalhar em algo por longo tempo, este algo torna-se uma parte nossa.

Por muito tempo, eu escrevi, escrevi e escrevi. Reformulei, melhorei, reescrevi (reescrever foi o que mais fiz, aliás) e percebi que a coisa não terminava nunca.

Eu pensei comigo a certa altura “É, eu tenho uma propensão maníaca para histórias longas e, se eu continuar assim, vai demorar muito terminar um único grande livro, isto é, se eu terminá-lo algum dia“.

Foi então que resolvi dividir esse grande universo em várias pequenas sagas e também em histórias isoladas mais curtas.

Pensei ainda “Melhor eu começar pequeno: vou tentar escrever um pequeno conto, um bem simples, o mais curto possível“.

Neste sentido, Os Demônios de Ergatan é o primeiro conto ambientado nesse universo que eu trago a público.

Claro, eu fracassei em fazê-lo curto. Este é um grande conto e, modéstia parte, ele é grande sob muitos aspectos: tanto em quantidade de páginas (caso ele fosse impresso em um formato similar ao A5 com fonte tamanho 11, teria em torno de 400 páginas) como em significado. Não quero parecer arrogante e nem nada do tipo: quando digo que o conto é grande em significado, eu quero dizer que ele tem muito significado para mim, ainda que possa não ter significado nenhum para outras pessoas. Mas isso só o futuro poderá dizer.

As Caravanas – Acampamento cigano em Arles, na França, pelo pintor Vincent van Gogh
As Caravanas – Acampamento cigano em Arles, na França, pelo pintor Vincent van Gogh

Eu queria que o povo Suna Mandhi; um grupo étnico nômade bastante similar aos ciganos, fossem os protagonistas dessa história. Na verdade, queria escrever várias narrativas tendo os Suna Mandhi como protagonistas, pois eu os imagino como contadores de história naturais, uma vez que a sua tradição é mantida pela oralidade. Eu imaginei que a cada novo conto um Suna Mandhi errante narrasse alguma história de sua tradição para outros personagens deste mundo; e quase sempre personagens simples, do dia-a-dia, em geral da classe trabalhadora, como fazendeiros, pescadores entre outros.

Então surgiu a ideia da vila pesqueira; e esta ideia não surgiu do nada. Eu confesso que sempre fui um bicho do mato e, não fossem as minhas responsabilidades me impedirem de fazer isso no momento, eu moraria no meio do mato e, de preferência, próximo à praia. É onde eu quero estar em algum lugar do futuro; em uma casa de campo entre o mato e a praia.

Eu tirei essa foto no Guaraú em 2018, ao fundo é possível ver a estação ecológica Juréia-Itatins (cujo território  está distribuído pelos municípios de Iguape, Miracatu, Itariri, Pedro de Toledo e Peruíbe)

Eu tirei essa foto no Guaraú em 2018, ao fundo é possível ver a estação ecológica Juréia-Itatins (cujo território  está distribuído pelos municípios de Iguape, Miracatu, Itariri, Pedro de Toledo e Peruíbe)
Felizmente ainda existem alguns lugares assim, como o Guaraú, em Peruíbe; um lugar que já visitei algumas vezes e pelo qual me apaixonei. O bairro do Guaraú possui uma praia não muito grande, pouco visitada, e que marca o inicio da reserva ambiental da Juréia. Pois foi exatamente a Juréia que me deu a ideia de escolher um cenário litorâneo no Império de Hudan como paisagem de fundo para essa história.
Desta forma, minha atenção foi atraída para a vila de Ergatan, no sul da província de San Napolean, no Estado de Urdo. Eu já conhecia Ergatan; sabia de sua existência e da importância de seu porto e de suas embarcações. Mas até então eu não havia pensado em escrever uma história que se passasse lá (excetuando um certo evento; o qual está no futuro em relação aos acontecimentos abordados em Os Demônios de Ergatan, e que tem Ergatan como palco para o fim de uma outra história).
Montanha com mata tropical no parque da Juréia de frente para o mar, no litoral sul do Estado de São Paulo, Brasil
Um dia divertido que passei com minha esposa e filha na praia do Guaraú, na Juréia: estava chuvoso e frio

Talvez alguns fatos da minha infância também tenham me influenciado em outras escolhas que fiz para esta história; como a longa trilha que os personagens percorrem no inicio desta aventura. Também há o fato de que a dupla de personagens andarilhos sejam pai e filho.

Lembro-me das longas caminhadas que eu precisava fazer para ir trabalhar com meu pai; nesta época saíamos do bairro onde morávamos e tínhamos de cruzar um matagal para chegar ao nosso destino. O meu pai é pedreiro e na época eu era o seu ajudante. Eu adorava essas caminhadas, pois tendo nascido e sido criado em uma cidade, esta travessia era a oportunidade que eu tinha de ter algum contato com a natureza que eu sempre amei.

Claro, aquelas caminhadas da minha infância eram uma verdadeira aventura para o espírito juvenil e posso afirmar que elas me renderam muitas surpresas; algumas assustadoras, algumas curiosas e outras muito agradáveis. Lembro-me inclusive de já ter cruzado caminho algumas vezes com um grupo de ciganos que não raro montava acampamento nas redondezas do matagal ao qual me refiro.

Foto por Francesco Ungaro em Pexels.com
Foto por Francesco Ungaro em Pexels.com
Mas é aí que as semelhanças terminam; meu pai não era como Edin, ele sempre esteve mais para um vilão diabólico no nosso universo doméstico. E o matagal que eu tinha de cruzar não tinha quilômetros de extensão; quando muito, eu percorria uns dois ou três quilômetros de mato apenas.

Infelizmente hoje o matagal não existe mais. Ele foi cortado ao meio por uma grande rodovia e, das duas extremidades que restara dele, uma virou cidade. A outra parte; a parte restante, ela ainda existe e é a parte na qual encontra-se um grande córrego. Não é muito, mas espero que esta parte de mata permaneça sendo preservada. Espero também que deixem de despejar esgoto no córrego para que este possa se purificar e voltar a dar peixes (como já deu no passado).

Mas isto depende dos demônios serem expurgados, para que aquilo que foi corrompido possa se purificar, se livrar dos vícios e recuperar a sua virtude original.

Infelizmente os Demônios só são expurgados com fogo.

Quanto ao meu pai, este é um vilão que hoje encontra-se vencido; não pelo Tempo e sim pelo Ego. O Ego, este sim, um fogo terrível, invisível e lento, que consome a vida até que restem apenas as cinzas, ainda que o tempo não tenha se esgotado.

Foto por Vlad Bagacian em  pexels.com
Foto por Vlad Bagacian em  pexels.com

QUAL A MENSAGEM EM OS DEMÔNIOS DE ERGATAN?

Eu acredito que há tantas mensagens nesse livro quanto em qualquer outro, e isto quer dizer que há tantas mensagens quanto há leitores, pois cada um encontrará as mensagens que desejar encontrar lá. É assim com todo e qualquer livro, quando o lemos, projetamos um pouco de nós no livro e ele nos reflete como um espelho distorcido. Neste caso não cabe a mim dizer se há uma mensagem e qual mensagem é essa: isso influenciaria os leitores desnecessariamente. Cabe a cada um olhar nesse espelho distorcido e procurar nele o que quer que deseje encontrar ao longo da trilha que existe entre a primeira e a última página.





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